O Paraguai conseguiu até agora poucas vacinas para imunizar a população. E só na segunda-feira, 12, enquanto ainda completa a imunização do pessoal de saúde, iniciou a vacinação de pessoas com 85 anos ou mais, que são as de maior risco de morrer com a covid-19.
Mas não deu outra: valeu o “carteiraço” pra furar a fila. Na lista de 145 pessoas vacinadas em Presidente Franco, ali do outro lado do Rio Paraná, nada menos que 110 não tinham a idade mínima exigida, como informa o jornal La Nación.
Na lista de “vacinados VIP”, como os chama a imprensa paraguaia, está um ex-juiz, de 63 anos; um empresário e ex-prefeito de Presidente Franco e sua mulher; um ex-diretor de Fazenda da Prefeitura de Ciudad del Este; diretores e funcionários da Faculdade de Direito da Universidade Privada del Este; e até uma mulher de apenas 55 anos.
A faculdade, que pertence ao governador Roberto González Vaesken, foi o local onde houve a vacinação, por isso surgiram denúncias de manipulação política para escolha de quem seria vacinado.
“Não há justificativa sobre o que aconteceu. Não foi sequer um erro, foi uma falta grave e um desânimo para todos os que estamos fazendo o melhor possível para a população de Alto Paraná”, afirmou o diretor do Programa Ampliado de Imunizações, Hector Castro.
E TERÃO SEGUNDA DOSE
Segundo ele, o que ocorreu foi “vergonhoso”. Todos os vacinadores responsáveis foram afastados de suas funções. Ele lamentou ainda que os idosos com mais de 85 anos fiquem sem a possibilidade de ser imunizados, por causa destes fura-filas, antes a escassez de doses no país.
Mas o pior é que, mesmo furando a fila, essas pessoas vão receber a segunda dose de imunização, disse Castro, exatamente para não se perder as vacinas.
“As doses ministradas a essas pessoas não podem ser perdidas, por isso será preciso completar as (duas) doses, porque é uma responsabilidade nossa. Todo o nosso pessoal está desanimado com essa situação”, disse Castro em entrevista à rádio 1080 AM.
O médico Hugo Kunzle, diretor da Décima Região Sanitária, da qual faz parte Presidente Franco, assumiu a responsabilidade pelo fato, dizendo que é “injustificável” o que ocorreu. Sustentou que foi uma decisão da equipe de vacinadores, “um argumento pouco crível”, na opinião do jornal La Nación.
INVESTIGAÇÃO
A procuradora geral do Paraguai, Sandra Quiñónez, informou nesta quinta que o Ministério Público iniciou uma investigação penal sobre a suposta vacinação irregular no departamento de Alto Paraná. Foram designados os promotores Nilsa Torales e Julio Paredes.
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