Universidade do Paraguai nega atraso de diplomas de Medicina a brasileiros

Outro lado: mais estudantes relatam que se formaram no ano passado, mas ainda não obtiveram o certificado para exercer a profissão de médico.


A direção da Universidad Politécnica y Artística del Paraguay (UPAP) negou haver atraso na entrega de diplomas a brasileiros formados no curso de Medicina, na unidade em Ciudad del Este. Em reportagem do H2FOZ (leia aqui), estudantes relataram que não receberam o documento, apesar de formados antes de dezembro de 2024.

A instituição ainda declarou que não tem ciência, não recomenda e não permite que terceiros ofereçam ou realizem serviço remunerado de “assessoria” a estudantes para a certificação. A UPAP alega que todo o procedimento de confecção do diploma ocorre por um sistema informatizado do Ministério de Educação e Ciências (MEC) paraguaio.

OUTRO LADO – Após a matéria com a denúncia ter sido publicada no portal, a reportagem obteve acesso a novos formados em Medicina na UPAP, que também sustentaram não ter recebido o diploma até o momento. E reafirmaram pagamentos de R$ 3 mil a pessoas que realizam “assessoria” para agilizar a obtenção do diploma. Leia aqui:

Em entrevista on-line, de Assunção, o presidente da UPAP, Eduardo Viedma Paoli, disse estar surpreso com as reclamações, já que as questões levantadas pelos estudantes não foram oficializadas nos canais da instituição. Segundo ele, a universidade formou mais de 300 médicos no campus de Ciudad del Este em 2024.

A reportagem questionou quantos dos 300 formados em Medicina no ano passado ainda não receberam o diploma e quais são os motivos. Até o momento da publicação desta matéria, a UPAP não tinha fornecido as informações.

O dirigente da universidade indicou que atrasos acontecem apenas quando há casos em que os universitários brasileiros não tenham providenciado a documentação exigida pelo governo do país vizinho – na matrícula, são informados sobre essa atualização de dados e registros. Ou quando ocorrem problemas na defesa da tese.

“A informação [do atraso do diploma] não é verdadeira. Temos 29 anos como universidade no Paraguai e mais de dois mil egressos apenas em Medicina”, expôs Eduardo. “Somos a única universidade com uma plataforma em que o aluno pode ver a sua documentação, seus pagamentos, notas, títulos, certificados de estudo. Somos muito transparentes nisso.”

A UPAP em Ciudad del Este, prosseguiu, conta com diversos profissionais e dirigentes que mantêm contato com os discentes. “Alunos do sexto ano conhecem todas essas estruturas e sabem com quem têm de falar para resolver problemas. Essa informação [atraso do diploma] me parece mal-intencionada por parte da denúncia”, opinou.

O prazo para entrega dos títulos de graduação no Paraguai é de 60 dias, pela legislação, contados a partir do envio das informações dos alunos pelas universidades ao MEC. Ao H2FOZ, Eduardo Viedma Paoli narrou que, na UPAP, estudantes se formaram em Medicina nos meses de outubro, novembro e dezembro, e também houve defesa de tese em janeiro de 2025.

Ele declarou que a grande maioria já recebeu os diplomas, podendo restar à espera apenas alguns graduados em dezembro, que deverão receber os certificados no fim de fevereiro ou no começo de março, o que seria normal e dentro do prazo, adicionou. Relatou que não há diferença de procedimentos para estudantes brasileiros e paraguaios.

“Para que possam fazer a tese final de carreira e o internato [parte prática da formação], os alunos precisam ter toda a documentação em dia”, reforçou o presidente da UPAP. E afirmou que o MEC do Paraguai passou, agora, a exigir o Registro Único de Educação (RUE), que balizará toda a vida acadêmica dos alunos.

Universidade desautoriza “assessoria”

O presidente da UPAP explanou, na entrevista, que a instituição não mantém nem conhece, permite ou recomenda que terceiros façam serviço de “assessoria” sob o argumento de agilizar a obtenção do diploma. E que não cobra taxa extras, além dos expedientes previstos no contrato.

“Se alguém está cobrando algo, está enganando os estudantes”, ressaltou Eduardo Viedma Paoli. “E não serve de nada, pois todo o processo é institucional, entre universidade e o MEC. Não temos parceria e não autorizamos advogado, gestor nem ninguém, pois não se pode acelerar ou passar à frente, o sistema é totalmente informatizado”, concluiu.

Outras informações

A direção da UPAP informou que irá averiguar se há casos de instruções inadequadas para alunos de Medicina. E orientou que os questionamentos de acadêmicos sejam enviados pelos canais da instituição, para que a secretaria em Assunção adote providências, se for o caso. O principal canal é: contato@upapbrasil.com.br.

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