As Cataratas do Iguaçu, seja no lado brasileiro, seja no argentino, são fantásticas e um atrativo de despertar inveja em qualquer outro destino no mundo. Mas, se você vai a Puerto Iguazú, depois de visitar o Parque Nacional, vai fazer o quê?
Não é por acaso que os hotéis de luxo estejam vazios, sem a presença de turistas estrangeiros; e que, mesmo nos hotéis mais baratos e com mais procura – os que estão funcionando -, as reservas para janeiro não cheguem a 50%, como noticiou La Voz de Cataratas.
“A realidade é desalentadora para o setor turístico na cidade das Cataratas”, diz o portal de Puerto Iguazú. “A pandemia de coronavírus lançou por terra todas as expectativas do setor.”
O presidente da Câmara de Turismo de Puerto Iguazú, Jorge Bordin, disse a La Voz de Cataratas que as reservas hoteleiras oscilam em torno de 20%. Isto, considerando que apenas 50% dos hotéis estão funcionando. Os hotéis de 4 e 5 estrelas estão vazios.
Mesmo depois que o Parque Nacional Iguazú foi aberto a visitantes de outras províncias da Argentina, a visitação continua bem longe da ideal. Do dia 2 a 7 de janeiro, 4.600 pessoas visitaram as Cataratas argentinas, ou menos de 700 por dia.
Desse total, metade eram turistas nacionais, 35% de Misiones e só 2% de estrangeiros do Mercosul, que só podem entrar na Argentina de avião e exclusivamente por Buenos Aires. É até um milagre que tenham vindo turistas do Mercosul a Puerto Iguazú.
Os comentários dos leitores na postagem de La Voz de Cataratas dão sérias pistas sobre o problema do turismo em Puerto Iguazú.
Vários deles se referem aos preços cobrados. “Devem parar de cobrar como se fossem (turistas) estrangeiros”, disse um leitor(a), que se identificou como Lila. “À parte que argentino nem gorjeta deixa. Tampouco compra muito e consome pouco, e isso faz com que não se tenha ganho nenhum”, completou.
Um leitor e turista – La Papa – foi além. “É supercaro consumir no parque. Hoje, com a pandemia, deveriam adequar os preços à realidade. Nós fomos comer uma parrilla e nos cobraram mil pesos (R$ 63) por pessoa, sem contar a bebida. Um roubo”.
“Deixem de roubar”, disse outro (De Frente). “Quando os empresários de Iguazú vão entender que o preço que pretendem cobrar é muito alto? Convém mais ir a Miami, Cuba ou outros destinos, que são mais econômicos. São vivos (os empresários) e sem-vergonha, porque há poucos voos internacionais e creem, então, que o turista vá vir a Iguazú. Baixem os preços, façam uma boa promoção e vai encher de turistas aqui”, completou o leitor.
SEM OUTRAS OPÇÕES
Leitores também apontam como desestimulante vir a Puerto Iguazú pela falta de outras opções, além da visita às Cataratas.
“Iguazú não entende que o turismo aqui não está relacionado só às Cataratas, mas também à fronteira. Os turistas vêm a Iguazú para fazer a experiência completa com Brasil e Paraguai. Enquanto estiver fechada a fronteira não virão. E, se vêm, ficam no máximo dois dias e se vão, não deixando quase nada de dinheiro para o turismo”, disse a leitora que se identificou como Ana.
Como não há possibilidade de atravessar a fronteira, é preciso achar outra atividade. E aí, é decepção: “Circular pelo centro de Iguazú, se é que se pode chamar centro, é uma experiência horripilante. Ruas em péssimo estado, calçadas quebradas, falta de iluminação, entre outras coisas. Que pena!” Esta é a opinião de alguém que se identificou como Gastronômico.
CONCLUSÃO
Foz do Iguaçu tem diversas opções de turismo e lazer. Mesmo assim, a reabertura da fronteira com o Paraguai trouxe um número maior de visitantes. E, se a fronteira com a Argentina fosse reaberta, haveria filas na Aduana de lá, como sempre aconteceu, tanto de moradores daqui como de turistas.
Mas a pandemia fez a Argentina fechar as fronteiras sem data de reabertura. E, para a província de Misiones, é não é interessante que a reabertura aconteça, porque nunca arrecadou tanto como nos meses de pandemia, já que os moradores de Posadas e de outros municípios (inclusive Puerto Iguazú) passaram fazer compras apenas no mercado interno.
Há a questão da pandemia e há a questão econômica. Neste caso, não é a preocupação com aqueles que vivem do turismo e que passam necessidades, mas com o comércio de Posadas, especialmente, e com o dinheiro que o governo da província arrecada.
Pobre Iguazú!
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