Dos 12 países da América do Sul, somente o Paraguai mantém relações diplomáticas oficiais com o governo de Taiwan, ilha considerada pela China uma província rebelde do país. Os demais, como Brasil e Argentina, relacionam-se com o governo de Pequim, o qual exige que seus aliados não tenham canais formais com Taiwan.
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Nesta segunda-feira (10), o vice-ministro de Relações Exteriores de Taiwan, Alexandre Yui, participou de uma audiência no Legislativo da ilha, na qual afirmou que a China continental está agindo para afastar o Paraguai do grupo de 13 países que reconhecem a autonomia do governo local em relação a Pequim.
“É um fato que a China está cortejando de forma óbvia os candidatos de todos os partidos no Paraguai”, declarou Yui, em referência às eleições paraguaias de 30 de abril, conforme trecho reproduzido pela agência estatal CNA, de Taiwan.
No último dia 26, Honduras anunciou o rompimento das relações com Taiwan e o estabelecimento de laços diplomáticos com a China. O mesmo ocorreu, desde 2016, com outros quatro países da América Central: Panamá, El Salvador, República Dominicana e Nicarágua. O foco da ofensiva chinesa, agora, estaria no Paraguai.
No início da campanha eleitoral, o candidato Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), chegou a questionar a conveniência de manter o vínculo com Taiwan, tendo em vista a potência da economia chinesa e a possibilidade de geração de negócios para o país. Nas últimas semanas, entretanto, o tema vem sendo pouco debatido.
Para garantir o apoio do Paraguai, Taiwan investe em projetos de cooperação com o aliado sul-americano em áreas como agricultura, pecuária, indústria e serviços públicos. A atual sede do Congresso Nacional em Assunção, por exemplo, foi construída com recursos doados pela ilha, que também oferece bolsas para estudantes paraguaios.
Com mandato até agosto (no Paraguai não existe reeleição presidencial), o presidente Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, é favorável à continuidade dos laços com Taiwan. Em 2018, logo no início de seu governo, Abdo viajou à ilha e assegurou a intenção paraguaia de manter os vínculos de seis décadas com o parceiro asiático.
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