Das 30 mil toneladas de tabaco que a província de Misiones esperava colher em 2023, cerca de 40% não chegaram aos centros de processamento. O provável destino das 12 mil toneladas faltantes, segundo o presidente da Cooperativa Tabacaleira de Misiones (CTM), Jorge Kappaunn, foi o contrabando em direção ao Brasil.
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Em declarações reproduzidas pelo portal Misiones Online, Kappaunn relatou que “de 10 a 12 mil toneladas foram embora pelo rio [Rio Uruguai, na divisa com o estado brasileiro do Rio Grande do Sul]. Houve muito contrabando, e quem paga o pato, hoje, é o produtor que foi fiel à cooperativa, que investiu para a produção”.
A evasão do produto rumo ao mercado brasileiro gera uma reação em cadeia, como a queda na arrecadação de impostos, a diminuição da necessidade de contratação de mão de obra nos centros de processamento e a redução dos ganhos distribuídos pelas cooperativas aos conveniados.
No caso específico da CTM, Kappaunn informou que, “após enfrentar a seca, esperávamos 10,5 mil toneladas, mas acabamos comprando pouco mais de sete mil, devido ao contrabando. Isso afeta diretamente a entidade, que pôs muito empenho para colocar os insumos nas chácaras. Todo esse trabalho foi truncado”.
O Brasil é o maior exportador mundial de tabaco, com produção concentrada nos três estados da Região Sul. Dos dez municípios recordistas, sete ficam no Rio Grande do Sul, dois em Santa Catarina e um no Paraná (São João do Triunfo).
O tabaco irregular de Misiones, segundo Kappaunn, tem o Rio Grande do Sul como principal mercado. O motivo para o contrabando do produto para o Brasil está relacionado, essencialmente, aos preços pagos no lado brasileiro, maiores que o padrão do mercado argentino, cuja economia enfrenta problemas como a inflação e a desvalorização da moeda.
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