Sequestro de Óscar Denis, ex-vice-presidente do Paraguai, completa 600 dias

Político de 76 anos foi raptado em setembro de 2020 por guerrilheiros que atuam na Região Centro-Norte do país.

Político de 76 anos foi raptado em setembro de 2020 por guerrilheiros que atuam na Região Centro-Norte do país.

Na última segunda-feira (2), Beatriz Denis, filha do ex-vice-presidente do Paraguai Óscar Denis chamou a imprensa para ler um comunicado. No documento, Beatriz e familiares questionam a falta de respostas em relação ao paradeiro do pai, sequestrado pelo grupo insurgente Exército do Povo Paraguaio (EPP) em 9 de setembro de 2020.

“Hoje completamos 600 dias sem Óscar Denis, 600 dias no esquecimento, 600 dias de dor, 600 dias de derrota”, afirmou a filha. “Não queremos ser só mais uma estatística, mas assim estamos ficando. Não vamos perder as esperanças, mas somos realistas, nosso pai precisa de medicamentos especiais. Queremos saber algo sobre como ele está.”

Óscar Denis, 76 anos, exerceu a vice-presidência do Paraguai entre os anos de 2012 e 2013. Antes disso, foi governador do departamento (estado) de Concepción e senador pelo Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA). O rapto ocorreu em Yby Yaú, cidade onde a família Denis é dona de uma propriedade rural.

A autoria foi assumida pelo EPP, que argumentou que o sequestro era uma represália a uma operação militar que provocou a morte de duas menores de idade, familiares de integrantes do grupo. O ex-vice-presidente não tinha ligação com o caso, tendo sido capturado em razão de sua visibilidade política.

Desde então, as informações têm sido escassas, tanto em relação a Denis como a outras duas vítimas que permanecem em poder da guerrilha: o policial Edelio Morínigo (sequestrado em julho de 2014) e Félix Urbieta (desde outubro de 2016).

Vitórias inexistentes

“Enquanto isso, o governo continua olhando o próprio umbigo e se parabenizando por vitórias inexistentes”, criticou Beatriz Denis, em alusão ao anúncio recente, feito por lideranças políticas e militares, de que o EPP estaria derrotado.

“A declaração de vitória do governo é uma mostra de sua derrota. A ausência de nosso pai, hoje, nos dói mais que nos primeiros dias, pois podemos ver com clareza que os responsáveis por libertá-lo e garantir nossa segurança não cumprem e nem pensam cumprir com esse objetivo”, ressaltou.

As declarações da filha de Óscar Denis foram rebatidas por Luis Apesteguia, porta-voz da Força Tarefa Conjunta (FTC) criada para combater o EPP. “Sabemos da dor da família e que tudo o que fizermos ou dissermos não será suficiente, mas não concordamos com o que os familiares disseram”, expressou Apesteguia, citado pelo jornal Última Hora.

Criado oficialmente em março de 2008, o EPP tem como origem o partido Pátria Livre, extinto após denúncias de envolvimento de seus membros em crimes como assaltos e sequestros. O grupo opera, principalmente, nos departamentos de Concepción e San Pedro, circulando por zonas rurais e áreas com grande pobreza.

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