Sindicatos de produtores rurais e de transportadores pediram ao ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Euclides Acevedo, para que negocie com as usinas binacionais Itaipu e Yacyretá no sentido de aumentar a vazão do Rio Paraná, para que possam exportar produtos no valor de US$ 350 milhões, noticia o ABC Color.
Foi o que aconteceu entre 18 e 29 de maio de 2020. Para atender um pedido dos governos do Paraguai e da Argentina, a usina de Itaipu verteu água do seu reservatório, que já não estava na cota máxima.
O rio aumentou em três metros, o que permitiu a movimentação de 170 barcaças carregadas de soja, retidas em consequência de uma das maiores secas da história. Na ocasião, como choveu, a usina aproveitou para gerar mais energia durante os 12 dias.
Também no ano passado, em agosto, a usina voltou a aumentar o nível do Rio Paraná a jusante (abaixo). Não foi preciso abrir o vertedouro, a água a mais foi garantida com o aumento da produção de energia.
EM ARMAZÉNS E BARCAÇAS
Em ofício ao ministro, com cópia à diretoria das usinas de Itaipu e Yacyretá, seis representantes de produtores, armadores fluviais e responsáveis por terminais portuários do Paraguai informam que todos os silos e depósitos dos portos de Alto Paraná estão abarrotados com mais de 600 mil toneladas de produtos agrícolas.
Há ainda comboios de barcaças carregadas com outras 125 mil toneladas, que permanecem paradas, aguardando que as águas permitam a navegação. Sem exportar esses produtos, o Paraguai deixaria de arrecadar US$ 350 milhões, além dos prejuízos a toda a cadeia de produção e transporte.
Segundo o ofício, “a escassez de chuvas e a pandemia de covid-19 estão afetando a demanda elétrica de todo o sistema de represas do Brasil, e com isso o país vizinho decidiu reter maiores volumes de água nos reservatórios que possui na bacia do Rio Paraná”.
A falta de chuvas, prossegue o ofício, e a queda da demanda por eletricidade “levaram o Rio Paraná a níveis históricos de baixa”.
RIO PARAGUAI
A hidrovia Paraguai-Paraná está complicada para navegação em quase todo o trecho que corta o Paraguai. O Rio Paraguai também sofre com a seca e, ainda, com falta de dragagem nos pontos mais baixos.
Este problema, ao menos, tem solução à vista. O Paraguai e a Argentina vão compartilhar as tarefas de dragagem e manutenção do rio, no trecho compartilhado entre os dois países.
Nesta quarta, 21, devem começar os trabalhos de batimetria no trecho do Rio Paraguai entre Assunção e a confluência com o Rio Paraná, necessários antes do início da dragagem.
Comentários estão fechados.