Restrições ao dólar na Argentina podem prejudicar turismo no Brasil

Governo argentino estuda suspender o acesso dos cidadãos ao dólar turismo, dificultando viagens ao exterior.

O governo federal da Argentina estuda implantar, nos próximos dias, um novo pacote de medidas econômicas para dificultar a “fuga de dólares” e priorizar o uso de recursos dentro do próprio país. Uma das medidas em análise é a suspensão do acesso ao dólar turismo, o que pode prejudicar a vinda de turistas argentinos para o Brasil e outros países.

Em declarações ao canal de televisão TN Notícias, repercutida por veículos internacionais, a nova ministra da Economia, Silvina Batakis, disse que a compra de moedas estrangeiras para finalidades como viagens de lazer prejudica a economia argentina. “O direito de viajar ao exterior colide com a geração de empregos”, afirmou.

“Todas as pessoas têm direito a férias, mas temos que gerir as reservas e vamos tomar todas as medidas para que esses dólares sejam direcionados ao setor produtivo. Dólares são escassos e precisam ser usados para ampliar a matriz produtiva. Quando as compras são feitas no exterior, estamos prejudicando o futuro de todos”, argumentou a ministra.

A suspensão do acesso ao dólar turismo, se confirmada, pode prejudicar operações corriqueiras como reservas de hospedagem e aquisição de passagens e serviços turísticos. Desde o início do mês, a Argentina já vem adotando medidas como a proibição de parcelar, no cartão de crédito, compras feitas no exterior ou em lojas do tipo duty free.

Atualmente, a obtenção direta do dólar por pessoas físicas é alvo de duras restrições no mercado cambial argentino, o que gera distorções como o “dólar blue”, que circula de forma paralela e é cotado ao dobro do valor oficial da moeda.

O Brasil é o principal destino dos argentinos que fazem turismo internacional. Turistas do país vizinho representam cerca de 40% de todos os estrangeiros que visitam locais como o litoral dos estados do Sul, Rio de Janeiro e praias da Bahia. Em Foz do Iguaçu, os argentinos representam mais da metade da demanda externa de viajantes.