As redes sociais de Puerto Iguazú e Misiones estão destilando veneno contra a administração do Parque Nacional Iguazú. Lá, nem turistas nem profissionais podem fazer fotos no melhor ponto da Garganta do Diabo, a não ser que paguem a fotógrafos autorizados determinado valor.
A melhor vista das Cataratas virou monopólio. Na verdade, isso já é assim há dois anos, mas agora veio a público porque um conhecido fotógrafo de Puerto Iguazú foi vítima de ações autoritárias dos guardas florestais, na última sexta-feira, conforme noticia o portal El Territorio, de Posadas.
O repórter fotográfico Sixto Fariña visitava o Parque Nacional Iguazú com sua família e decidiu fazer fotos, com seu equipamento profissional. Imediatamente foi abordado por guardas florestais, que queriam obrigá-lo a apagar as fotos e apreenderam seu equipamento, por sinal seu instrumento de trabalho – na máquina, havia fotos que fez para El Territorio. Está, ainda, sujeito a multa.
O portal apurou que, quando um repórter fotográfico profissional precisa fazer fotos nas Cataratas, precisa antes pedir permissão, e o trabalho dele é acompanhado por um guarda florestal.
Fariña ficou sabendo que seu equipamento só será devolvido amanhã, segunda-feira, quando voltar o diretor do parque.
Foi essa história que revoltou os internautas, que reconhecem o bom trabalho do fotógrafo, com décadas de experiência, conta El Territorio.
SEM EXPLICAÇÕES
O portal se comunicou com o diretor do parque, Sergio Acosta, e com Juan Garibaldi, diretor regional dos Parques Nacionais, para apurar essa polêmica atuação dos guardas florestais, que trataram um repórter fotográfico quase como se fosse um criminoso.
Nenhum deles esclareceu muita coisa: nem porque é vedado o acesso a turistas que não pagarem por uma foto num setor do parque nem qual o dano ou prejuízo que pode ser provocado por um repórter fotográfico ao registrar imagens do parque, mesmo que faça isso sem avisar antes.
Segundo El Territorio, Garibaldi limitou-se a explicar, por mensagens de texto, que a administração de Parques Nacionais regula cada atividade dentro das áreas protegidas de todo o país.
Ali, guias de turismo e fotógrafos habilitados devem cumprir uma série de requisitos e pagar uma taxa para trabalhar. No caso dos últimos, podem vender fotos a turistas.
Os dois entrevistados contaram também que em várias oportunidades foram lavradas atas e retidos equipamentos de filmagem pela administração do Parque Nacional Iguazú. E que muitos elementos retidos não foram devolvidos a seus proprietários.
Dentro do parque, conta El Territorio, trabalham fotógrafos que fazem parte de uma associação. Alguns deles atuam há 40 anos. O presidente da associação, Guillermo Gamarra, explicou que todos os anos cada fotógrafo deve renovar sua licença com a apresentação de uma série de documentos e pagar uma taxa anual.
Alguns deles fazem suas tarefas no passeio inferior, no Salto Bosetti, e outros na Garganta do Diabo, onde está o questionado espaço delimitado para evitar que outras pessoas possam obter uma foto melhor e mais particular.
O “curralito”, como é chamado, surgiu para delimitar um espaço para trabalhar comodamente, sem atrapalhar os visitantes. “Não só organizaram seu trabalho, como ali se concretizou o monopólio de uma das melhores vistas das cataratas”, diz El Territorio.
El Territorio fechou o artigo com sérias críticas ao uso de um espaço de parque público para delimitar quem pode ou não fotografar e a administração do parque por atitudes abusivas.
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