A Argentina abriu corredores seguros, mas o Paraguai quer mais. E os argentinos querem acesso ao Brasil por terra.
Demorou, mas o protesto dos gaúchos chegou: hoteleiros de Porto Alegre e de outras cidades que são rota de argentinos para as praias do Sul do Brasil reclamam da demora de o governo brasileiro abrir acesso para os vizinhos.
As fronteiras argentinas reabriram em 1º de novembro para os brasileiros, mas até agora o governo do Brasil não permitiu a reciprocidade, isto é, o acesso dos argentinos a todo o nosso território. Só está permitido o trânsito vicinal, que se limita às cidades-gêmeas, como Foz e Puerto Iguazú.
Por enquanto, existe só a promessa do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, de que nesta semana seria redigida uma nova portaria para permitir a entrada de argentinos, já que continua vigorando a proibição de entrada de estrangeiros por via terrestre no Brasil, com exceção dos que entrem pelo Paraguai.
Pra driblar a proibição brasileira, os argentinos que têm mais pressa de veranear, são obrigados a entrar por Encarnación, no Paraguai, e de lá viajar até Ciudad del Este, de onde entram por Foz do Iguaçu e daqui podem viajar para seus destinos preferidos.
Quer dizer, o Paraná até que se deu bem, por enquanto, já que pelo Rio Grande do Sul o acesso só é permitido às cidades-gêmeas da fronteira.
Os hoteleiros gaúchos perceberam que estão no prejuízo e já estão se movimentando para tentar acelerar a publicação da portaria brasileira. Mas até agora não há nada oficial, no Ministério do Turismo, onde as notícias se concentram na participação do Brasil na Expo Dubai.
NOVIDADES NA FRONTEIRA PARAGUAIA
Entre as novidades das fronteiras Brasil, Paraguai e Argentina, veio o aumento da quota de entrada pelos corredores seguros argentinos. Desde segunda-feira, 15, podem entrar na Argentina 5 mil pessoas por dia (antes, eram 1.600), o que já eliminou o problema de argentinos que ficavam retidos em Encarnación, à espera de um novo dia e do início da nova quota.
A nova quota agradou os paraguaios, mas eles querem que a Argentina autorize novos corredores seguros, para que a vida nas fronteiras volte mais rapidamente ao normal.
Em Foz do Iguaçu, a quota anterior não representava um problema, porque o movimento de argentinos que vêm à cidade ainda é pequeno. E o de iguaçuenses que vão a Puerto Iguazú não chega nem perto do limite anterior, de 1.600 por dia.
Os paraguaios de Encarnación estão animados com a nova quota, porque pode trazer mais argentinos para o comércio, os restaurantes e os atrativos da cidade.
A assimetria cambial, no entanto, é favorável principalmente para o consumidor do Paraguai, já que a Argentina “está barata” para eles.
Enquanto os paraguaios vão a Posadas encher o tanque e comprar produtos como alimentos, artigos de limpeza, roupas e calçados, os argentinos, no comércio de Encarnación, ainda vêm alguma vantagem na compra de produtos eletrônicos, sapatos esportivos (tênis) e produtos de ponta de estoque.
Outra novidade, na fronteira argentino-paraguaia: a partir desta quarta-feira, 17, a Argentina vai autorizar a travessia de ônibus pela ponte San Roque González Santa Cruz, na ligação entre Encarnación e Posadas, o que também deve contribuir para o aumento na movimentação.
Os empresários paraguaios de transporte de longa distância ainda estão ansiosos para que a Argentina permita as viagens internacionais por terra, porque eles se prepararam com a melhoria da frota e a recontratação de motoristas. Mas ainda não há prazo previsto.
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