Após a desvalorização de 22% na cotação oficial do peso argentino frente ao dólar, adotada na segunda-feira (14), e da disparada do “dólar blue” (paralelo), a terça-feira (15) foi de ainda mais incerteza no comércio e no setor turístico de Puerto Iguazú, com escassez de mercadorias nas gôndolas e estabelecimentos fechando mais cedo.
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A atual instabilidade foi provocada pelo resultado das eleições primárias do último domingo (13), que posicionaram o presidenciável Javier Milei, de um pequeno partido de extrema-direita (La Libertad Avanza), em primeiro lugar na corrida, com 30% da preferência do eleitorado (clique aqui para conferir como foi a votação).
Conforme o portal La Voz de Cataratas, os dois postos de combustíveis da área central da cidade, YPF e Shell, chegaram a interromper o atendimento ao público nessa terça, em razão do cenário incerto quanto à reposição do estoque e à necessidade de reajustes.
A Radio Yguazú Misiones, por sua vez, informa que o posto Shell já alterou seus preços, com altas de até 24,4%:
Nafta Súper: P$ 395,20 (+24,4%);
Nafta V-Power: P$ 453,90 (+24,2%);
Formula Diesel: P$ 414,20 (+20,5%);
Diesel V-Power: P$ 499,20 (+19,9%).
Nos mercados do centro e dos bairros, gerentes e proprietários relataram dificuldades para o reabastecimento dos estoques, tendo em vista a suspensão parcial da cadeia de fornecedores e atacadistas. Segundo o La Voz de Cataratas, algumas distribuidoras paralisaram as negociações ou estão recusando mercadorias com aumentos exagerados.
Previsões das principais consultorias de mercado apontam que a inflação de agosto deverá voltar ao patamar dos dois dígitos na Argentina, após quatro meses de desaceleração. Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 6,3%, com leve recuo na taxa interanual (soma dos últimos 12 meses), de 115,6% em junho para 113,4%.
Dolarização
A agitação no mercado financeiro é uma reação às propostas apresentadas por Javier Milei durante a primeira etapa da campanha, como a dolarização da economia argentina e a extinção do Banco Central. Adotado na década de 1990, no governo do peronista Carlos Menem, o mecanismo de “um por um” com o dólar prejudicou a economia de Puerto Iguazú.
Em entrevista à Radio Yguazú Misiones, o presidente da Associação da Hotelaria, Gastronomia e Afins de Puerto Iguazú (AHGAI), Diego Bruno, avaliou que a dolarização não seria conveniente para o destino, que ficaria mais caro. “Na nossa opinião, a economia dolarizada afetaria demais Puerto Iguazú”, considerou.
Nos anos da paridade, os próprios viajantes argentinos escolhiam hotéis, restaurantes e passeios no lado brasileiro da fronteira, em vez de opções similares em Puerto Iguazú, pois os preços em Foz do Iguaçu eram mais baixos. O cenário atual é o inverso, com a desvalorização do peso deixando a Argentina mais barata para o turismo estrangeiro.
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