Agentes da Delegacia de Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu foram chamados ao Paraguai, nessa segunda-feira (5), para auxiliar nas investigações do roubo milionário à sede da Associação de Trabalhadores Cambistas (ATC) em Ciudad del Este.
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O pedido de cooperação foi feito pela Polícia Nacional do Paraguai, por meio do Comando Tripartite. A suspeita é de envolvimento de criminosos brasileiros, ligados a grupos de grande porte como a organização Primeiro Comando da Capital (PCC).
O roubo foi descoberto na manhã de segunda, quando os cambistas não conseguiram abrir a porta da associação. Uma vez recuperado o acesso, constataram que o cofre subterrâneo tinha sido esvaziado por desconhecidos, que escavaram um túnel para invadir o compartimento.
No local, era guardado o dinheiro usado por cambistas autônomos para a troca de moedas nos arredores da Ponte Internacional da Amizade. A quantia subtraída ainda é incerta, com veículos de comunicação do Paraguai mencionando até US$ 15 milhões (cerca de R$ 75 milhões).
Devido ao achado de explosivos no interior do túnel, que tem pelo menos cem metros de extensão, toda a área nos arredores da sede da ATC está preventivamente interditada, com o fechamento de lojas e restrições ao trânsito na Rodovia Internacional PY02.
Em declarações ao jornal ABC Color, o delegado Favio Santa Cruz, que ocupa a chefia rotativa do Comando Tripartite, disse que o apoio da PF brasileira tem como ponto de partida os bons resultados obtidos na investigação do assalto à companhia Prosegur, em 2017, também em Ciudad del Este.
Célula especializada
A suspeita de que grupos criminosos brasileiros sejam os autores do roubo está relacionada à complexidade da logística identificada até o momento, não havendo, na região de Ciudad del Este, histórico de estratégia similar.
Para abrir o túnel, por exemplo, os ladrões empregaram equipamentos e materiais especiais para abafar o ruído e dar segurança à escavação. No fim de semana, toda a rede de energia das quadras próximas foi desligada, o que pode ter relação direta com o crime. Aparelhos que bloqueiam sinais de celular e internet também foram encontrados.
“Esse foi um trabalho que precisou de muito tempo, é um trabalho de engenharia muito bem realizado, não é algo de dois ou três dias”, afirmou o delegado Jorge Villadet, da Polícia Nacional do Paraguai, em entrevista ao jornal Última Hora. “Quem fez isso é um grupo criminoso muito bem organizado.”
Fontes como os jornais ABC Color e La Clave, por sua vez, citam que dois anos atrás, em fevereiro de 2022, tremores e ruídos no subsolo foram relatados por integrantes da ATC. Na ocasião, o problema foi atribuído a um prédio que estava em obras nos arredores, sem que elementos anormais fossem identificados.
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