Paraguai investiga empresas que podem ter ligação com as 23 toneladas de cocaína apreendidas na Europa

No depósito de uma das empresas investigadas havia latas de tinta semelhantes às utilizadas para o envio de cocaína à Alemanha.

Empresas do Paraguai estão sob investigação da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), como suspeitas de participação no envio de 23 toneladas de cocaína à Alemanha e à Bélgica, descobertas, respectivamente, nos portos de Hamburgo e Antuérpia, na terça-feira, 23, informa o jornal Última Hora.

A operação se concentra em descobrir a participação de empresas que têm ligação com a que garantiu a logística para o envio à Europa de cocaína, em contêineres.

A empresa identificada como exportadora de latas de tinta para a Alemanha é a Pinturas Tupã S.A. No depósito dela, foram encontradas latas de tinta semelhantes àquelas que continuam cocaína, quando foram abertas no porto de Hamburgo.

Foram feitas buscas na empresa Envases Paraguaios SRL, localizada em Limpio, a 23 km de Assunção, uma holding que engloba as empresas Cartopar SA, de Mariano Roque Alonso, município também vizinho à capital, e a Pinturas Tupã SA, sediada em Limpio.

As ações da Senad fazem parte da fase 1 da operação, que terá operações coordenadas com outros países, à medida que as investigações avancem.

Segundo o jornal Última Hora, a Envases Paraguayos SRL (Envapar) emitiu um comunicado em que afirma que a Tupã SA é vítima do crime organizado transnacional.

“Uma exportação de produtos destinados a esse país (Alemanha) foi alterada no trajeto marítimo. As autoridades alemãs confirmaram que os contêineres, que originalmente tinham produtos de nossa marca, agora contêm 16 mil quilos de cocaína”, diz a nota da empresa.

No porto alemão, as latas de tinta paraguaias foram abertas. Dentro, cocaína. No total, só na Alemanha foram apreendidas 17 toneladas da droga.

A empresa informou que, depois de se inteirar do caso, se pôs à disposição das autoridades e que nada tem a esconder. “Estamos convencidos de haver atuado corretamente”, conclui o comunicado.

A ministra da Senad, Zully Rolón, disse que a instituição tinha conhecimento do grande carregamento de cocaína que saíra do Paraguai rumo à Europa, há pelo menos quatro meses.

Ela não descarta a possibilidade de que o carregamento ilegal tenha sido introduzido em outros países. “Pode ser produto de uma triangulação”, afirmou.

Para a ministra da Senad, Zully Rolón, há possibilidade de a cocaína ter sido colocada nos contêineres em outro país, numa triangulação. Foto Senad

PRIMEIRA EXPORTAÇÃO

O jornal Hoy traz matéria que levanta algumas suspeitas sobre a Pinturas Tupã S.A. criada em 2014 e, desde aquele ano, com movimentos muito pequenos de venda. Só em dezembro do ano passado ela registrou oficialmente sua primeira exportação, segundo o vice-ministro de Tributação, Óscar Orué.

“Vemos que há uma declaração de exportação inferior a 1 bilhão de guaranis (cerca de R$ 820 mil), e só então declararam que são exportadores”, disse Orué em contato com a rádio 730 AM.

O jornal ABC Color tem mais uma declaração do vice-ministro. Ele disse que o “chamativo” é justamente que a empresa declarou apenas uma exportação importante, em dezembro de 2020. “Mas tampouco é um montante muito alto; estamos falando de menos de 1 bilhão de guaranis”. disse.

O vice-ministro disse que vai solicitar documentos à aduana, à promotoria e aos bancos para comparar com os dados apresentados pela empresa à Tributação.

O ABC Color informa que a embaixada da Alemanha na Colômbia informou oficialmente às Aduanas do Paraguai que a Pinturas Tupã é uma das firmas que aparecem como exportadora da carga em que se encontrou cocaína.

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