Paraguai e Argentina negociam saída para conflito em hidrovia

Representantes dos dois países mantiveram, nessa quinta-feira (21), reunião para debater soluções quanto ao pedágio argentino.

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Após semanas de escalada de tensão nas relações diplomáticas entre Paraguai e Argentina, representantes dos dois países mantiveram, nessa quinta-feira (21), reunião para debater soluções quanto ao conflito econômico na hidrovia, desencadeado após a decisão unilateral argentina de cobrar pedágio em seu trecho do Rio Paraná.

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Em declarações reproduzidas ao jornal La Nación, o vice-presidente e presidente em exercício, Pedro Alliana (Partido Colorado), disse que o clima da conversação já foi bem mais ameno que nas semanas anteriores.

“Há certos gestos e avanços com o tema da hidrovia. Creio que isso será discutido no âmbito do Mercosul, mas pelo menos já temos alguns avanços em relação ao pedágio que eles estão cobrando. Continuamos defendendo que o pedágio é injusto, mas tudo aponta a que haverá uma redução na tarifa até que ocorra uma solução definitiva”, afirmou.

Desde o final de 2022, a Argentina está cobrando US$ 1,47 (cerca de R$ 7,50) por tonelada transportada pelos barcos que navegam pelo Rio Paraná no trecho entre a foz do Rio Paraguai e os portos da região de Rosário. A medida é alvo de questionamentos não apenas do Paraguai, como dos demais sócios da hidrovia (Brasil, Bolívia e Uruguai).

Em julho de 2023, o Judiciário argentino passou a ordenar a retenção de embarcações (principalmente paraguaias) consideradas inadimplentes. Os barcos retidos estão sendo liberados somente após o pagamento dos valores, que, em alguns casos, ultrapassam os US$ 22 mil (R$ 110 mil).

Usina binacional

A crise na hidrovia teve como reflexo a decisão paraguaia de suspender a venda à Argentina de seus excedentes de energia na usina binacional de Yacyretá, localizada no Rio Paraná. Como resultado, Buenos Aires teve de recorrer a vizinhos como Brasil e Uruguai para compensar a perda, equivalente a cerca de 5% do consumo nacional.

O argumento oficial do Paraguai para a retirada da eletricidade de Yacyretá foi a existência de dívidas da Argentina, que vem pagando valores abaixo do combinado desde meados de 2022. O saldo devedor atual, segundo o vice-presidente Pedro Alliana, estaria em US$ 93 milhões (R$ 465 milhões).

A inadimplência, conforme o governo argentino, está relacionada à dificuldade do país em obter dólares para o pagamento de suas obrigações internacionais. A nova proposta, apresentada nessa quinta-feira (21) e submetida à análise das autoridades do setor elétrico paraguaio, prevê o parcelamento da dívida até o segundo semestre de 2024.

Caminhões retidos

Também nessa quinta-feira (21), chegaram ao Paraguai os 22 caminhões-tanque que foram retidos pela Argentina na fronteira entre Clorinda e a região de Assunção. Os veículos transportavam gás de cozinha para a estatal paraguaia Petropar e distribuidoras privadas que operam no país.

A princípio, não houve nenhuma justificativa do governo argentino quanto à demora de até cinco dias para a liberação dos veículos. Na quarta-feira (20), a argumentação passou a ser a suposta existência de problemas com as notas de origem e destino. Na arena política, a medida foi vista como represália às tensões na hidrovia e em Yacyretá.

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