Protesto dos auditores teve início em 24 de dezembro e até agora não houve negociações. Ou ao menos nada foi divulgado.
Sem que se tenha notícias de negociações ou de algum acordo para interromper a “operação tartaruga” da Receita Federal, os dois lados da fronteira somam prejuízos. E 3 mil caminhoneiros, brasileiros e paraguaios, são afetados pela operação.
“A greve dos auditores da Receita Federal do Brasil (…) gera um impacto negativo, economicamente, e um caos no trânsito fronteiriço (Ciudad del Este-Foz do Iguaçu)”, noticia o jornal ABC Color, criticando a falta de comunicação ou explicação do lado brasileiro.
O jornal destaca que os caminhoneiros do Brasil relatam um prejuízo diário de R$ 3,8 milhões, com a redução das importações e exportações, enquanto a Aduana de Ciudad del Este informa que a arrecadação diária caiu de 7 bilhões de guaranis (R$ 5,5 milhões) para 4 bilhões (R$ 3,1 milhões).
A operação padrão prejudica diariamente os caminhoneiros, que antes faziam três viagens por semana, entre os dois países, e agora só conseguem a liberação de uma carga a cada 10 dias.
Os caminhoneiros sofrem com a longa espera, nestes dias de intenso calor, sem contar com qualquer tipo de comodidades básicas, diz ainda o ABC Color.
Já há alguns dias a Aduana brasileira só permite a passagem por uma única, o que também prejudica o tráfego de veículos particulares. A demora para atravessar a Ponte da Amizade pode levar até três horas.
Em Ciudad del Este, os caminhões estão parados em filas, sobre a calçada, em esquinas e onde é possível, à espera da liberação. A situação mais crítica é no trecho da rotatória Oásis à Ponte da Amizade, onde a Patrulla Caminera (polícia rodoviária) e a Polícia Municipal de Trânsito atuam em conjunto para tentar ordenar o caótico trânsito.
O PROTESTO
A operação padrão dos auditores da Receita Federal foi aprovada em assembleia da categoria no dia 23 de dezembro, para começar já no dia seguinte.
Também chamada de operação tartaruga, a operação padrão consiste na fiscalização mais lenta provocada pelo reforço no rigor das atividades. Os auditores concordaram em excluir da operação padrão a fiscalização de produtos hospitalares, de cargas perecíveis e de viajantes vindos do exterior.
Os auditores fiscais querem que o governo reveja o congelamento de salários do funcionalismo e regulamente o bônus de eficiência (adicional concedido para quem cumpre metas de eficiência), prometido em negociações anteriores. O último reajuste para os servidores do Poder Executivo Federal foi concedido em 2016.
Desde a aprovação do Orçamento Geral da União de 2022, que destinou R$ 1,7 bilhão para reajustes a forças federais de segurança, diversas categorias do funcionalismo federal passaram a pressionar o governo por aumentos salariais.
Os auditores protestam ainda contra a retirada de recursos para a Receita Federal, no orçamento para 2022.
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