Operação Anemia desmonta esquema milionário de contrabando

Polícia e Receita Federal saíram às ruas, na manhã desta quinta-feira (6), para o cumprimento de mandados em quatro estados.

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Receita Federal do Brasil (RFB) e Polícia Federal (PF) desencadearam, na manhã desta quinta-feira (6), a Operação Anemia, tendo como objetivo desarticular organização criminosa acusada de praticar crimes como contrabando, descaminho e lavagem de dinheiro.

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Mais de 200 policiais federais e 34 auditores-fiscais saíram às ruas para o cumprimento de 53 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva, em cidades dos estados de Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.

Em Curitiba, um dos mandados foi cumprido nas proximidades do Museu Oscar Niemeyer, cartão-postal da cidade. Foto: Assessoria/RFB
Em Curitiba, um dos mandados foi cumprido nas proximidades do Museu Oscar Niemeyer, cartão-postal da cidade. Foto: Assessoria/RFB

Atualização: a lista de cidades, divulgada por volta das 9h, incluía Curitiba e Londrina, no Paraná; São Paulo e Tupã, em São Paulo; Joinville, em Santa Catarina; e a capital do Rio de Janeiro.

As ordens judiciais foram expedidas pela 9.ª Vara Federal de Curitiba, que determinou sequestro, bloqueio e apreensão de bens imóveis, veículos, dinheiro em espécie, obras de arte, joias, criptoativos e outros itens de luxo ou de alto valor encontrados.

De acordo com a RFB, “o grupo seria responsável pela introdução de produtos no Brasil de forma ilegal, a partir do Paraguai, para, posteriormente, atender clientes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal, em cidades onde estão localizados grandes comércios populares e lojas de produtos eletrônicos importados irregularmente”.

“Ao longo das investigações foram encontrados indícios de práticas de atividades ilícitas e lavagem de dinheiro. Contas bancárias relacionadas aos investigados acolheram valores originados de pessoas com registros de antecedentes criminais com incidência na prática de crimes de contrabando, descaminho e lavagem de dinheiro”, informa a nota divulgada à imprensa.

A organização foi dividida pelos investigadores em sete núcleos, “que atuam de forma estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas”:
(1) núcleo de gestão;
(2) núcleo de logística;
(3) núcleo dos financiadores;
(4) núcleo dos contadores;
(5) núcleo dos doleiros/operadores financeiros;
(6) núcleo dos compradores; e
(7) núcleo dos laranjas.

Evidências apreendidas durante uma das buscas. Foto: Assessoria/RFB
Evidências apreendidas durante uma das buscas. Foto: Assessoria/RFB

“Identificou-se que, com o desenvolvimento das atividades criminosas promovidas pelo grupo, estes passaram a adquirir produtos diretamente de fornecedores nos Estados Unidos da América, China e Hong Kong, de modo que as cidades paraguaias da região da fronteira passaram a servir apenas como entreposto físico das mercadorias, recebidas por meio de serviços de encomenda postal internacional”, diz a RFB.

Em apenas uma das empresas investigadas, aberta em nome de uma funcionária, mais de R$ 700 milhões teriam sido movimentados, com artifícios como o uso de criptomoedas.

Investigados viviam em imóveis com padrão de luxo. Foto: Assessoria/RFB
Investigados viviam em imóveis com padrão de luxo. Foto: Assessoria/RFB

Servidores públicos

“A organização conta com financiadores, muitos deles servidores públicos, que investem recursos e depois dividem os lucros das atividades criminosas com contadores e operadores financeiros, que agem para dar aparência lícita e fluxo financeiro aos negócios realizados”, afirma a RFB.

Já a PF informa que “as medidas estão sendo cumpridas com apoio das corregedorias da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Polícia Penal do estado do Paraná”, dando a entender que os servidores suspeitos de participação (na ativa ou já aposentados) estão vinculados às referidas corporações.

Conforme a PF, as investigações começaram em 2020, mas o grupo criminoso estaria operando “desde 2014, introduzindo mercadorias irregularmente no país por meio da fronteira com o Paraguai, sobretudo eletrônicos, que eram distribuídos a diversos estados da federação”.

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