Ao invés de pagar propina pra funcionários e militares que atuam na Aduana do Paraguai, os chamados “paseros” (que compram mercadorias no Brasil pra vender aos conterrâneos) agora vão pagar imposto de importação. O sistema está em vigor desde a semana passada, informa o jornal La Clave.
E a propina era até “institucionalizada”, quer dizer, havia valores pré-fixados: entre 300 mil e 500 mil guaranis (R$ 270 e R$ 450) para passar uma van e entre 30 mil e 40 mil guaranis (pra arredondar, entre R$ 27 e R$ 35) pela passagem de moto com mercadorias do Brasil.
O novo sistema, denominado Importação Menor Simplificada, substitui o Tráfego Vicinal Fronteiriço, que tinha muitas limitações e era apenas para uso doméstico, não comercial. Agora, o pasero vai pagar entre 3% e 4% do valor das mercadorias que importar.
Quem negociou com a Aduana, em nome dos paseros, foi o então secretário de Indústria e Comércio do Governo de Alto Paraná, Iván Airaldi.
Ele explicou que o sistema é bem prático, já que funciona por meio de um aplicativo de celular, que o próprio pasero baixa e faz a tramitação. Airaldi calcula que cerca de mil paraguaios devam se registrar no regime de Importação Menor Simplificada.
Mas lembrou que alguns produtos continuam sendo proibidos de entrar no país, como frangos, embutidos, ovos, óleo e açúcar. No caso do açúcar, ainda dá para comprar no Brasil, mas com licença prévia.
“Com isso, poderão ser formalizados os paseros”, concluiu Airaldi. Muitos deles ainda estão sendo capacitados para o uso do aplicativo.
BLOQUEIO DA FRONTEIRA
Na segunda-feira da semana passada, dia 5, um protesto dos paseros fechou a pista de entrada no Paraguai, o que provocou filas imensas no lado brasileiro. Só dava para entrar em Ciudad del Este a pé ou, dependendo do bom humor dos manifestantes, de moto.
O protesto era justamente para exigir medidas que facilitassem o trabalho deles. E, também, em protesto contra a prisão de dois paseros, por corrupção de funcionários da Aduana e militares. Esses, por sua vez, foram detidos sob acusação de facilitação de entrada no país mediante propina.
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