Uma mulher de 43 anos, identificada como Olga Ayala Fernández, de nacionalidade paraguaia, faleceu em Ciudad del Este, na manhã dessa quarta-feira (4), no momento em que policiais e oficiais de Justiça tentavam cumprir mandados para o desalojamento de três imóveis nas imediações do km 4,5 Acaray.
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A chegada dos policiais ocasionou um impasse com moradores do entorno, que tentaram impedir a entrada da comitiva no bairro Che La Reina, que faz parte da antiga propriedade conhecida como “Finca 66”, alvo de litígio judicial há décadas. Dois dos imóveis foram desocupados, enquanto o terceiro teve o acesso bloqueado pelos manifestantes.
O conflito dessa quarta durou cerca de quatro horas, terminando com o saldo de cinco pessoas detidas, um número incerto de feridos entre os populares e cinco policiais feridos (um deles com um disparo de arma de fogo em uma das pernas).
Já as circunstâncias da morte de Olga Ayala Fernández, que teve uma parada cardíaca e faleceu a caminho do hospital, ainda são incertas. Conforme os primeiros testemunhos, a mulher teria passado mal ao ver o filho sendo atingido por uma bala de borracha. Mais tarde, surgiu a versão de que ela teria desmaiado quando policiais entraram em sua casa.
#ABCNoticias Una mujer falleció durante el desalojo que realizaba la Policía Nacional en la Finca 66, en el barrio Che La Reina de Ciudad del Este.#ABCTVPy?https://t.co/ZvwJlbwdHn pic.twitter.com/ZDauqzcCIJ
— ABC TV Paraguay (@ABCTVpy) October 4, 2023
Blas Vera, diretor da Polícia Nacional do Paraguai, negou ambas as versões. “A senhora não foi alvo da ação, não participou da manifestação e nem estava no protesto. Ela teve complicações e foi trazida por vizinhos até onde estava a polícia, pois tínhamos uma ambulância disponível”, afirmou o delegado, em declarações à rádio Monumental AM.
Nas redes sociais, o prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto Vallejos (Yo Creo), lamentou a morte da moradora. “Uma senhora faleceu em Ciudad del Este em um violento desalojamento. Deixaram muitos feridos. Isso é um abuso, enquanto no Senado ficam loteando propriedades públicas”, queixou-se Prieto.
Litígio judicial
O litígio judicial em torno da “Finca 66” tem origem na década de 1960, quando terras pertencentes a uma companhia agrícola foram desapropriadas pelo governo paraguaio. No momento do repasse das escrituras à prefeitura de Ciudad del Este, contudo, parte da área já tinha sido urbanizada e vendida a particulares.
De acordo com o jornal ABC Color, o setor em litígio abriga, atualmente, cerca de vinte mil famílias, distribuídas pelos populosos bairros Che La Reina, Pablo Rojas, La Blanca, Mburucuyá, Carolina e Don Bosco.
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