Jornalista é morto a tiros em cidade paraguaia da fronteira

Humberto Andrés Coronel Godoy foi alvejado no momento em que deixava o prédio da Rádio Amambay.

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Humberto Andrés Coronel Godoy foi alvejado no momento em que deixava o prédio da Rádio Amambay.

O crime organizado cometeu, na tarde dessa terça-feira (6), o 20.º assassinato de profissionais da área de imprensa na região de Pedro Juan Caballero, fronteira seca com Ponta Porã (MS). Humberto Andrés Coronel Godoy, jornalista paraguaio de 33 anos, foi morto a tiros em frente ao prédio da Rádio Amambay 570 AM.

Os disparos foram efetuados por um homem a bordo de uma motocicleta, que ainda não foi identificado. Um dos detalhes chamativos do caso é que os dois policiais designados para custodiar a rádio estavam fora de seus postos no momento do ocorrido. Socorristas foram acionados, mas nada puderam fazer para salvar a vida do comunicador.

De acordo com o jornal Última Hora, além de trabalhar na emissora, Humberto Coronel mantinha uma página na rede social Facebook, denominada Mbykymi Noticias, em parceria com o colega Gustavo Manuel Báez Sánchez.

Em junho, ambos procuraram a polícia para relatar o recebimento de ameaças, escritas em português. Um dos textos, colado em um cartaz no portão da residência de Gustavo Báez, dizia: “Você sabe muitas coisas, vamos ir apagando quem sabe muito.” A mensagem, anônima, tinha como destinatários “Gustabo (sic) e Umbertito (sic)”.

Logo após o atentado dessa terça, novas ameaças, escritas em espanhol, foram enviadas à página da Rádio Amambay no Facebook. “Agora foi o Humberto, e há uns quantos outros que vão engolir chumbo”, dizia uma das mensagens, cobrando informações sobre o paradeiro de alguém de nome “Gabriel”, sobre o qual a polícia não divulgou detalhes.

As investigações acerca do assassinato do jornalista estão a cargo da promotora Katia Uemura. O comando da Polícia Nacional do Paraguai, por sua vez, anunciou o envio de uma equipe especial para auxiliar na apuração dos fatos.

Motociclista que efetuou os disparos contra Humberto Coronel. Imagem: Reprodução/Câmeras de segurança

Histórico de violência

Em nota divulgada à sociedade, o Sindicato dos Jornalistas do Paraguai (SPP, na sigla em espanhol) cobrou o esclarecimento do crime e recordou a longa lista de profissionais de imprensa assassinados na região de Pedro Juan Caballero nos últimos 30 anos.

As vítimas foram Lourenço Leo Veras, Eduardo González, Gerardo Servián Coronel, Antonia Maribel Almada, Pablo Medina Velázquez, Édgar Pantaleón Fernández Fleitas, Fausto Gabriel Alcaraz, Marcelino Vázquez, Carlos Manuel Artaza, Merardo Alejandro Romero Chávez, Martín Ocampos Páez, Alberto Tito Palma, Ángela Acosta, Samuel Román, Yamila Cantero, Salvador Medina Velázquez, Benito Ramón Jara, Calixto Mendoza e Santiago Leguizamón, ícone da liberdade de expressão no Paraguai.

A Rádio Amambay 570 AM já foi alvo de diversos ataques, incluindo a explosão de uma granada arremessada em direção ao estúdio. A emissora pertence à família Acevedo, clã político que ocupa alguns dos principais cargos no departamento (estado) de Amambay. Em maio, José Carlos Acevedo, prefeito de Pedro Juan, foi morto a tiros em um atentado.

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