US$ 63,5 bilhões: Itaipu conclui pagamento da dívida de construção da usina

Última parcela, no valor de US$ 115 milhões, foi desembolsada nessa terça-feira (28), após quase 50 anos da assinatura do Tratado de Itaipu.

Com um ato no Edifício da Produção, localizado no meio da barragem, bem no ponto simbólico da fronteira entre Brasil e Paraguai, Itaipu Binacional quitou, nessa terça-feira (28), os últimos US$ 115 milhões (R$ 586,5 milhões) da dívida contraída para a construção da hidrelétrica, totalizando US$ 63,5 bilhões (R$ 323,8 bilhões) em pagamentos.

A parcela final teve como destinatários o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que recebeu US$ 107 milhões, e a Eletrobras, que ficou com os US$ 8 milhões restantes. Os demais credores, ao longo dos anos, foram o Banco do Brasil e instituições internacionais como Citibank, Dresdner Bank, Deutsche Bank, Swiss Bank Corporation e JPMorgan.

Os primeiros pagamentos foram desembolsados ainda no final da década de 1970, de forma mensal, trimestral ou semestral. A partir de 1985, um ano após o início da geração comercial de energia, os recursos passaram a vir do Custo Unitário do Serviço de Eletricidade (CUSE), pago pelos consumidores de eletricidade no Brasil e no Paraguai.

Segundo Itaipu, do total de US$ 63,5 bilhões, utilizados para a construção da hidrelétrica, para a infraestrutura auxiliar e para ações como indenizações aos proprietários das áreas atingidas, “US$ 35,6 bilhões foram pagos a título de amortização de empréstimos e financiamentos e US$ 27,9 bilhões como encargos financeiros”.

Diretores e conselheiros brasileiros e paraguaios presentes no ato dessa terça-feira (28). Imagem: Rubens Fraulini/Itaipu Binacional
Diretores e conselheiros brasileiros e paraguaios presentes no ato dessa terça-feira (28). Imagem: Rubens Fraulini/Itaipu Binacional

Anexo C

A liquidação da dívida foi celebrada pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, que era aguardado para a cerimônia, mas teve de suspender a participação e enviou mensagem em vídeo. No entender de Silveira, o pagamento abre caminho para a renegociação do Anexo C do Tratado de Itaipu, que define as bases financeiras da usina.

“A revisão do Anexo C fortalecerá o laço de parceria entre brasileiros e paraguaios, com olhar cada vez mais claro, não só para as necessidades energéticas e comerciais, mas também para a melhor destinação dos recursos para a população que tanto necessita”, afirmou o ministro, na gravação exibida aos presentes.

Já Manuel María Cáceres, diretor-geral paraguaio de Itaipu, ponderou que o pagamento da dívida “dá uma tranquilidade e maior liberdade para a revisão do Anexo C e de outros componentes do tratado, de maneira a fechar o acordo nos próximos anos”.

Dados divulgados pela agência Canal Energia dão conta de que a dívida representava cerca de dois terços do custo operacional de Itaipu. A expectativa para o futuro próximo é de redução da tarifa, sem deixar de lado as necessidades de investimentos diretos e indiretos para o funcionamento da binacional.

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