Situação da covid-19 nos três países vizinhos está sob controle. Mas variante ômicron do coronavírus preocupa os argentinos.
A Argentina tem hoje 79% da população imunizada contra a covid-19 com uma ou duas doses. Os totalmente imunizados somam 66%.
No Brasil, 77% dos habitantes estão vacinados. Com imunização completa, 64%.
Se depender do avanço da vacinação, tanto no Brasil como na Argentina, não há necessidade de fechar a fronteira entre os dois países, que estão com queda contínua no número de casos e de óbitos pela pandemia.
Mas essa hipótese não é descartada pelo governo argentino. A porta-voz do governo, Gabriela Cerruti, disse que “no momento” o fechamento das fronteiras não é necessário, mas a situação epidemiológica está sendo avaliada “dia a dia”.
VARIANTE ÔMICRON
O governo argentino adverte que a maior preocupação, hoje, é com o avanço da variante ômicron do coronavírus, que surgiu na África e já está presente em diversos países. “É uma variante que está crescendo no mundo e que já chegou ao Brasil”, disse Gabriela Cerrutti em entrevista a um programa de televisão.
O Brasil registrou seis casos confirmados de pessoas contaminadas pelo ômicron – três em São Paulo, duas no Distrito Federal e uma no Rio Grande do Sul. Todas voltaram de viagem a países da África.
Felizmente para o Brasil e o mundo, embora pareça ser altamente transmissível, essa variante do coronavírus não provocou nenhuma morte, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, e os sintomas não são considerados graves como os provocados pela variante Delta, a que mais circula por aqui.
NÃO HÁ MOTIVO
Por tudo o que já foi dito, não haveria mesmo motivo para fechar fronteiras. O Paraguai, por exemplo, já informou que isso não vai acontecer, porque o país viveu um período complicado com a pandemia, principalmente por causa das fronteiras fechadas.
Embora a vacinação só tenha alcançado 47% dos paraguaios (com segunda dose, são apenas 37%), não dá para se considerar a situação do Paraguai como emergencial, em relação à covid-19.
Na última semana, o país teve uma ligeira queda nos casos e aumento nos óbitos (de 13 para 17).
Mesmo assim, seus números são inferiores, proporcionalmente, aos do Brasil e da Argentina, conforme dados do site Worldometer, que coleta informações sobre a pandemia em 210 países e territórios.
Nesta última semana, as 1.589 mortes registradas no Brasil representaram 7 óbitos por milhão de habitantes. É o maior índice dos três vizinhos.
Na Argentina, houve 134 óbitos na semana, que deixaram o índice em 3 mortes por milhão de habitantes.
No Paraguai, as 17 mortes na semana representaram 2 óbitos por milhão de habitantes.
Mesmo em situação relativamente pior, o índice de mortes por milhão de habitantes, no Brasil, é muito inferior ao de países europeus, como Bélgica (28 óbitos por milhão, na semana), Alemanha (25), Reino Unido (12) e até Portugal (10 mortes por milhão).
Os primeiros no ranking de mortes, proporcionalmente à população, são Hungria (130), Georgia (113), Bulgária (112) e Croácia (111), o que dá uma ideia de como a pandemia se comporta hoje no planeta. Ela avança mais em países do Leste Europeu, mas volta a atacar com força também países como a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos.
VACINAÇÃO
Os números da pandemia, desde o início até agora, mostram que a vacinação mudou a posição do Brasil e da Argentina, especialmente.
O total acumulado de 615,454 óbitos, desde o início da pandemia, posiciona o Brasil em 2º lugar no ranking mundial e em 11º nas mortes proporcionais à população (2.866 por milhão de habitantes).
As 116.139 mortes na Argentina colocam o país em 13º no ranking e, proporcionalmente à população, em 17º (2.548 óbitos por milhão).
Ambos, em mortes proporcionais à população, estão muito à frente da Alemanha (77º no ranking proporcional), Portugal (40º), Reino Unido (29º) e Estados Unidos (20º, embora esteja em 1º tanto no total de casos como de mortes).
Quanto ao Paraguai, aparece em 24º lugar, com 2.270 mortes por milhão de habitantes.
Embora tenha começado a vacinar tardiamente, o Brasil recuperou o tempo perdido e, hoje, já está na frente dos Estados Unidos, que não chegou a 60% da população totalmente imunizada.
No número total, com primeira e segunda doses, o Brasil supera o Reino Unido, a Alemanha e até Israel. E a Argentina bateu o Uruguai, a Itália e a França, o que foi uma proeza e tanto, porque o país vizinho também teve dificuldades para obter os imunizantes.
E, com isso, os casos e mortes foram decrescendo e a pandemia parece controlada, principalmente na Argentina, mas também no Brasil.
PASSAPORTE SANITÁRIO
Embora não descarte fechar as fronteiras, o que o governo argentino pretende é criar um tipo de passaporte sanitário, para que só pessoas imunizadas possam assistir a jogos de futebol, por exemplo. Na província argentina de Tucumán isso já está sendo feito.
Para uma coisa o passaporte sanitário em Tucumán já serviu: aumentou muito o interesse dos moradores da província em se imunizar.
No Paraguai, onde há muita resistência à vacina, por ignorância ou desinformação, esta poderia também ser uma solução interessante.
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