Nos próximos dias, elas saem do Ecoparque de Mendoza rumo ao Santuário de Elefantes Brasil, no Mato Grosso.
Pocha e Guillermina são mãe e filha que só têm uma à outra para enfrentar cada dia vazio. Suas vidas são duras e estéreis. Para elas, o mundo não passa de concreto, pedra e um vislumbre do céu.
As duas elefantas moram, hoje, no Ecoparque de Mendoza, província argentina. E terão que esperar só mais algum tempinho para ganhar uma nova vida no Santuário de Elefantes Brasil, no Mato Grosso.
Pocha, de 56 anos, nunca testemunhou o nascer ou o pôr do sol no horizonte.
Nem sua filha, Guillermina, hoje com 23 anos, fruto de um relacionamento de Pocha com Tamy, um elefante de circo, também asiático, que a conquistou com muitas piruetas.
Essas descrições se baseiam em textos publicados no site da ONG Santuário Global para Elefantes e em reportagem do jornal Clarín. A ONG é uma das mantenedoras do Santuário de Elefantes Brasil.
O Clarín traz a informação mais recente sobre a viagem de mãe e filha, que já têm autorização oficial do governo argentino para percorrer mais de 3 mil quilômetros por via terrestre, com travessia pela fronteira entre Puerto Iguazú e Foz do Iguaçu.
MARA, PIONEIRA
Não é a primeira vez que isso acontece. Em maio de 2020, depois de dois meses fechada, a Ponte Tancredo Neves foi reaberta para a passagem do comboio que levava a elefante Mara.
Ela saiu do antigo zoológico de Buenos Aires rumo ao santuário no Mato Grosso, onde está até hoje, numa vida que nem em sonhos ela imaginaria.
Depois de Pocha e Guillermina, percorridos os trâmites burocráticos, também virão de Mendoza Tamy, o pai de Guillermina, e Kenya, uma elefante africana.
HABITATS NATURAIS
A transferência dos animais é resultado da transformação do zoológico de Mendoza em um ecoparque. Os bichos fora de seu habitat natural, como chimpanzés, leões e elefantes, serão encaminhados a locais mais apropriados.
O único santuário para elefantes na América Latina está situado em 2.800 hectares de propriedades incrivelmente diversificadas na Chapada dos Guimarães.
De acordo com o Santuário Global para Elefantes, o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), criado em 2016, é o único da América Latina para esses animais. Ele está numa área de 2.800 hectares “de propriedades incrivelmente diversificadas”.
Segundo informou a ONG, o SEB “não foi desenvolvido com uma visão altruísta de como deveria ser o santuário, mas sim guiado pelos elefantes do nosso passado. Eles nos permitiram fazer parte de suas vidas e nos ensinaram o que os elefantes precisam para se curar do pior dos traumas. Por respeito ao que eles compartilharam, levamos isso adiante com os elefantes de hoje e do futuro”.
Os elefantes vivem em recintos com áreas entre 40 e 400 hectares, completamente naturais. Ali recebem atenção veterinária de qualidade. Os animais contam ainda com recintos internos, com temperaturas controladas o ano inteiro.
Sem os efeitos negativos do cativeiro, provocados pela falta de liberdade, de movimento e de interação com outros de sua espécie, Pocha e Guillermina terão menos possibilidades de desenvolver doenças como obesidade, artrite, problemas nas patas e transtornos reprodutivos e psicológicos, como destacou o Clarín.
TREINAMENTO
Pocha e Guillermina passaram por treinamentos, desde março deste ano, para entrar e se acostumar aos contêineres em que irão viajar.
Dois especialistas americanos, Chrissy Pratt (Michigan) e Karissa Reinbold (Nov York), foram responsáveis pelos treinamentos.
Agora, só falta marcar a data para o início da viagem.
[…] travessia de Pocha e Guillermina estava prevista, originalmente, para agosto do ano passado, conforme noticiado à época pelo H2FOZ. O motivo do atraso está relacionado à demora na documentação para a transferência […]