Se dependesse do governador de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, e também dos comerciantes da capital da província, Posadas, a ponte na fronteira com Encarnación, no Paraguai, ficaria eternamente como está: aberta só para exportações e importações.
Misiones, cidade onde fica Puerto Iguazú, vive desde março um “milagre econômico”, diz o jornal argentino La Nación, quando as fronteiras foram fechadas com o Brasil e o Paraguai, o que impede os moradores da província de fazerem compras “do outro lado do Rio Paraná, onde os preços com frequência são mais baratos – ainda que com o peso depreciado”.
As vendas de Natal, por exemplo, cresceram 50% em faturamento, na comparação com 2019, enquanto no país houve uma queda média de 10,1%, como comparou em entrevista ao La Nación o secretário da Fazenda de Misiones, Adolfo Safrán.
A Confederação Econômica de Misiones divulgou uma pesquisa feita com 500 empresas da província, que haviam previsto para dezembro um crescimento de 28% nas vendas, em quantidade, e 56% em faturamento, em comparação com dezembro de 2019.
A arrecadação do governo da província cresceu mais de 100% desde julho. Entre janeiro e novembro, Misiones aumentou 77% sua arrecadação, em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a segunda província melhor colocada, Córdoba, teve um crescimento de 31,9%, informa La Nación.
“Misiones padece um fenômeno único a nível nacional: possui 90% de suas fronteiras com Brasil e Paraguai e apenas 10% com Corrientes (outra província argentina)”, disse a La Nación Alejandro Haene, da Confederação Econômica de Misiones.
E é pra poder competir com o comércio do Paraguai e com as lojas francas do Brasil (a novidade no comércio de fronteira), que o governador de Misiones voltou a pedir ao presidente Alberto Fernández que repense o veto ao projeto que declara a província como território aduaneiro especial, com tratamento que lhe permita baixar impostos, equiparando a pressão fiscal com o Paraguai e o Brasil, diz o jornal argentino.
E O TURISMO?
Mas há um outro lado da moeda, que o jornal não esqueceu de mencionar, de passagem. Enquanto as vendas locais crescem, o setor de turismo de Puerto Iguazú atravessou um dos piores anos de sua história com o fechamento de fronteiras e pela limitação à circulação de pessoas.
O que o jornal não diz, também, é que, se fosse possível, o governo de Misiones abriria a Ponte Tancredo Neves para a entrada de brasileiros e turistas que passam antes pelo Brasil para depois ir conhecer o lado argentino (como acontece também com turistas estrangeiros que entram pela Argentina).
São os brasileiros que aquecem a economia de Puerto Iguazú, que lotam seus restaurantes e a “feirinha” (como estará ela?), que vão a cassinos, às lojas e aos atrativos.
Mas, se abrir só a fronteira com o Brasil, vai “pegar mal” para a Argentina, já que precisa cumprir as regras do Mercosul. E o governo do país não iria aceitar essa medida, de qualquer forma.
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