Num dos períodos de maior movimento no comércio do Paraguai, a Semana Santa, este ano, não terá lojas abertas em Ciudad del Este, a partir deste sábado, 27. Apesar de todos os apelos dos comerciantes da fronteira, o governo não cedeu, e o atendimento aos compradores brasileiros será feito apenas on line, com entrega no local.
Isto é, o comprador pode fazer seu pedido pela Internet, depois atravessar a fronteira e buscar sua encomenda em local preparado para este atendimento em cada loja.
A fronteira estará aberta normalmente, sem qualquer exigência ao brasileiro, como a de apresentar testes negativos para covid-19, como faz a Prefeitura de Foz do Iguaçu em relação aos paraguaios que vêm a cidade.
“Com certeza absoluta, eu digo que o trânsito na Ponte da Amizade, do lado paraguaio, vai estar aberto para brasileiros”, reforça Linda Taigen, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ciudad del Este (Codeleste), em contato feito pelo H2FOZ.
Ela garante, ainda, que “na Aduana (paraguaia) será feito o controle normal, porque a circulação está restrita, mas não proibida quando a pessoa justifica o porquê de estar entrando no país. O delivery está permitido, portanto, o comprista ou turista tem direito de vir retirar. É informação oficial, que recebi por parte do governo, diretamente”.
CONTROLES
O que haverá em Ciudad del Este é maior policiamento e fiscalização da Semana Santa, para evitar que as pessoas – inclusive os brasileiros – desrespeitem os protocolos de segurança sanitária, deixando de usar máscaras faciais ou se aglomerando.
Haverá maior número de agentes de fiscalização nas fronteiras com Ciudad del Este, Pedro Juan Caballero e Salto del Guairá, segundo informou o governo paraguaio.
AUMENTO DE CASOS E MORTES
O “quase” lockdown no Paraguai se deve ao aumento de casos e mortes por covid-19 nos últimos dias, depois que foi detectada a presença da variante brasileira do coronavírus, que é mais contagiosa.
No informe de quinta-feira, o Ministério de Saúde Pública reportou mais 41 mortes e 1.877 contágios. O total, agora, se eleva para 202.700 casos confirmados e 2.001 óbitos.
Mais uma vez, observa-se no relatório a morte de pessoas de idades fora da faixa considerada de risco. Dos 41 óbitos, dois são de pessoas com idades entre 20 e 39 anos; 15 tinham idades entre 40 4 59 anos; e 24 eram idosos com mais de 60.
Os recuperados, no Paraguai, somam 166.002 pessoas, ou quase 82% de todos os casos confirmados, o que representa um bom índice de recuperação.
SEM LEITOS
O diretor de Vigilância da Saúde, Guillermo Sequera, disse em coletiva à imprensa, conforme o jornal Última Hora, que “a variante brasileira (do vírus) tem um ritmo de contágio que representa o dobro ou o triplo do normal”.
Hoje, segundo ele, 69% das pessoas internadas têm menos de 50 anos, o que pode ser resultado da infecção por esta variante brasileira. Há jovens internados em estado “muito grave”, disse Sequera.
O contágio de jovens é uma das causas do colapso no atendimento dos hospitais de todo o país, inclusive na vizinha Ciudad del Este.
De acordo com o jornal ABC Color, os hospitais de Alto Paraná já estão com 100% dos leitos de UTI ocupados.
O Hospital Integrado Respiratório, por exemplo, tem 38 pacientes em UTI, 58 em enfermaria e 12 em terapia intermediária. Depois que este hospital colapsou, foram habilitados os pavilhões de contingência do Hospital Regional, onde estão internados 45 pacientes, três deles entubados.
Além disso, quatro pessoas foram transferidas para clínicas privadas para internação em UTI, conforme convênio com o Ministério de Saúde Pública, já que não há mais vagas nos hospitais públicos.
Alto Paraná está com 2.091 casos ativos, enquanto o número de mortos pela doença, no departamento, chega agora a 484.
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