Estudo confirma preços menores em Foz do Iguaçu que no Paraguai

Comparativo do Banco Central do Paraguai inclui cerca de 200 itens da cesta básica; mercados de Foz têm ampla clientela paraguaia.

Fazer compras em Foz do Iguaçu custa, em média, 5,3% a menos que nos mercados varejistas e atacadistas de Ciudad del Este. É o que revela um estudo divulgado, nessa segunda (3), pelo Banco Central do Paraguai (BCP).

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O levantamento considera cerca de 200 itens da cesta básica, como arroz, açúcar, café, carnes, ovos e produtos lácteos. Além disso, a listagem inclui artigos de higiene pessoal e para a limpeza do lar.

De acordo com o BCP, a situação tem sido notada, pelo menos, desde 2019, quando a cesta básica nos mercados de Foz do Iguaçu custava 6,4% a menos que em Ciudad del Este.

Em 2020, com o choque de preços provocado pela pandemia de covid-19, a diferença baixou para 1,5%, voltando a aumentar, em 2021, para 4%. Nos últimos três anos, a margem ficou em 3,5% (2022), 3,1% (2023) e 5,3% (2024).

Foz do Iguaçu x Ciudad del Este

Conforme o estudo do BCP, os seguintes produtos estão mais baratos nos supermercados e atacadistas de Foz do Iguaçu, na comparação com Ciudad del Este:

  • arroz: 41,1%;
  • café e chocolate em pó: 29,3%;
  • higiene pessoal: 28,1%;
  • óleos e azeites: 27,5%;
  • bolachas salgadas, doces e balas: 20,6%;
  • verduras frescas e em conserva: 20,3%;
  • açúcar: 18,8%;
  • carne de porco: 10,1%;
  • queijo para sanduíche: 8,8%;
  • condimentos, temperos e caldos: 8,6%;
  • higiene do lar: 7%;
  • farinhas e massas: 5,5%;
  • leite: 2,8%;
  • carne de gado: 2,2%.

O mesmo levantamento indica, contudo, que alguns itens estão mais em conta nos estabelecimentos de Ciudad del Este que em Foz do Iguaçu:

  • carne de frango: 13,4%;
  • ovos: 10%;
  • presunto cozido e atum enlatado: 9%;
  • cerveja e refrigerante: 5,4%;
  • flocos de milho: 3,5%;
  • frutas frescas e em conserva: 3,4%;
  • margarina: 3%.

Entendimento da realidade da fronteira

Em entrevista ao jornal Última Hora, o encarregado do Departamento de Gerência de Estatísticas do BCP, Guillermo Ortiz, explicou que o estudo faz parte da rotina da autoridade monetária do Paraguai.

“O trabalho sobre as diferenças de preço é algo que fazemos com certa regularidade, uma ou duas vezes por ano”, detalhou. “Fazemos para entender um pouco qual é a dinâmica dos nossos preços, na comparação com as principais cidades vizinhas.”

De acordo com Ortiz, a desvalorização do real no segundo semestre contribuiu para aumentar a diferença entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, de 3,1% em 2023 para 5,3% em 2024.

Clientela forte em Foz do Iguaçu

A série histórica desde 2019, no entanto, confirma o que moradores e supermercadistas da fronteira já sabem há tempos: comprar alimentos em Foz do Iguaçu costuma compensar para os moradores de Ciudad del Este.

Atualmente, até mesmo os argentinos de Puerto Iguazú estão vindo fazer compras no lado brasileiro (clique aqui para ler reportagem do H2FOZ sobre o tema).

O movimento em Foz do Iguaçu cresceu, especialmente, após dezembro de 2023, quando o governo do presidente Javier Milei adotou medidas que aumentaram o custo de vida na Argentina, como o corte de subsídios e isenções e o fim dos preços tabelados, resultando no aumento dos preços dos alimentos.

Vale ressaltar, por outro lado, que, antes da chegada de Milei, muitos dos produtos estavam artificialmente baratos na Argentina, o que fazia com que moradores de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este enchessem os carrinhos em Puerto Iguazú.

A realidade agora é inversa, o que tem esvaziado o comércio da cidade argentina e beneficiado mercadistas e atacadistas de Foz do Iguaçu.

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