Pelo menos um setor, no Paraguai, foi diretamente beneficiado pela pandemia. Com o aumento do preço dos fretes internacionais e a demora para atender a pedidos, o país a China perdeu um pequeno espaço para as empresas maquiladoras paraguaias, que aumentaram muito suas exportações, este ano.
E isso beneficia Ciudad del Este, onde ficam as duas únicas zonas francas do Paraguai, como informa o jornal La Clave: o Complexo Empresarial Global e a Zona Franca Internacional. Nas duas zonas francas, funcionam 40 plantas industriais, que geram 3.500 empregos diretos. Com o cenário positivo para o setor, deve haver uma maior procura de investidores, o que vai contribuir para a recuperação econômica do município.
Os números da Agência IP mostram isso. Em abril, as indústrias maquiladoras de exportação venderam o equivalente a US$ 84,2 milhões, um aumento de 389% na comparação com abril do ano passado.
Nos quatro primeiros meses do ano, as exportações chegaram a US$ 333,3 milhões, um crescimento de 79% na comparação com o mesmo período de 2020.
PRINCIPAIS PRODUTOS
O carro-chefe das exportações de produtos das maquiladoras são as autopeças, que respondem por mais de um quarto das vendas. Em segundo lugar, estão “alumínio e suas manufaturas”, com 15%. Também têm peso importante o setor de confecções e têxteis e o de fabricação de azeite e seus derivados.
Os principais compradores das maquiladoras do Paraguai são o Brasil e a Argentina, além do Uruguai. Mas 11% das exportações vão para outros mercados, principalmente Estados Unidos, Chile, Vietnã, Equador, Peru, Bolívia e Tailândia.
O regime de maquila é atrativo para os investidores paraguaios e estrangeiros por causa das vantagens oferecidas: imposto único de 1% sobre o valor agregado; e suspensão de taxas e impostos para importação de bens de capital, ferramentas, matérias-primas e insumos.
Além disso, não existe limite para o capital a ser investido nem montante mínimo; e existe a liberdade de escolher qualquer local no Paraguai para instalar a empresa, desde que esteja adequada aos requisitos regionais.
A única exigência é que os bens e serviços sejam exclusivamente para exportação. Atualmente, existem cerca de 225 empresas atuando sob a maquila, que empregam diretamente 17.831 pessoas.
MÃO DE OBRA BARATA
Não é só o Paraguai que mantém um regime favorável a empresas que produzem apenas para exportação. As primeiras empresas maquiladoras se instalaram na fronteira do México com os Estados Unidos, ainda nos anos 1960, justamente para atender o mercado americano, mas o número cresceu muito após a assinatura do Nafta, o tratado de livre comércio na América do Norte.
As empresas dos Estados Unidos investiram pesadamente na região devido aos baixos impostos, terrenos mais baratos, leis ambientais mais flexíveis e, também, mão de obra bem menos custosa do que a americana. Com isso, o custo dos produtos ao consumidor final fica mais baixo e as empresas vendem mais.
Salários baixos são, de fato, um problema sério para os mexicanos, na comparação com colegas dos Estados Unidos que fazem o mesmo trabalho. Mas não é o caso do Paraguai, onde o salário mínimo é até mais alto que o brasileiro. Para o país, a maquiladora é uma oportunidade de atrair investimentos e gerar empregos.
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