Eleições no Paraguai: candidato Paraguayo Cubas é preso por protestos

Prisão preventiva foi solicitada pelo Ministério Público, após Cubas conclamar seguidores para manifestações contra os resultados da votação.

A Polícia Nacional do Paraguai prendeu, no final da tarde dessa sexta-feira (5), o advogado Paraguayo Cubas, terceiro colocado nas eleições presidenciais do último domingo (30), com 22,9% dos votos. Cubas foi abordado pelos policiais ao sair de um hotel em San Lorenzo, região metropolitana de Assunção.

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O pedido de prisão foi formulado pelos promotores Jorge Arce Rolandi, Francisco Cabrera e Deny Yoon Pak, do Ministério Público do Paraguai. De acordo com o jornal Última Hora, o mandado cita ocorrência de perturbação à paz pública, tentativa de impedimento das eleições, tentativa de coação a órgãos constitucionais e resistência.

Uma vez detido, Cubas foi encaminhado à sede da Agrupação Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, onde permanecerá à disposição do Judiciário. Yami Nal, senadora eleita pelo Partido Cruzada Nacional (PCN), intermediou a chegada de um grupo de advogados para a defesa do líder da agremiação.

Em entrevista à rádio Monumental AM, Gilberto Fleitas, comandante da Polícia Nacional, descreveu que Cubas “estava em um hotel de San Lorenzo, foi detido e subiu sem inconvenientes à viatura”. Um esquema especial de segurança, para evitar distúrbios, foi montado no entorno da repartição policial onde estão o presidenciável e outros detidos.

Desde a noite de domingo, com o anúncio da vitória do colorado Santiago Peña na corrida pela presidência, apoiadores de Paraguayo Cubas promovem protestos como bloqueios de rodovias em locais como Ciudad del Este, Presidente Franco, Hernandarias, Minga Guazú, Encarnación, Villarrica e nos acessos à capital paraguaia, Assunção.

Durante os atos, que ocorreram também em frente à sede do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), houve o registro de impedimento de passagem de ambulâncias e viaturas, depredação de veículos e danos a estruturas de trânsito. Até o momento, cerca de 150 pessoas foram detidas em razão de distúrbios durante os protestos.

Nas últimas horas, candidato difundiu vídeos e fez várias publicações nas redes sociais. Imagem: Reprodução/Facebook
Candidato difundiu vídeos e fez várias publicações nas redes sociais conclamando os seguidores para protestos. Imagem: Reprodução/Facebook

Denúncia

O pedido de prisão preventiva, redigido pelos promotores, faz um repasse dos principais fatos desde domingo e aponta que Cubas, em transmissão ao vivo na internet, enquanto dirigia pela Rodovia PY02 em direção a Assunção, afirmou, no dia 2 de maio, que “ia explodir tudo” e ter ajuda dos caminhoneiros para “fechar as fronteiras do país”.

A denúncia também compila declarações dadas pelo candidato, em entrevistas ou nas redes sociais, de que os juízes do TSJE e familiares “não teriam descanso” se continuassem com a suposta fraude eleitoral e que policiais que reprimissem os protestos poderiam ser alvo de represálias.

“Durante uma entrevista ao canal SNT, ocorrida em 1.º de maio, aproximadamente às 19h, um jornalista perguntou se ele poderia fazer um chamado à calma, ao que Paraguayo Cubas disse que as eleições deveriam ser revistas por irregularidades e de ser necessário as pessoas deveriam morrer por essa causa”, descreve o texto.

Fraude

No entender de Cubas e de apoiadores, houve fraude massiva no resultado das eleições do último domingo. O objetivo seria beneficiar o Partido Colorado, que elegeu o presidente Santiago Peña, 15 dos 17 governadores e as maiores bancadas no Senado (23 de 45 senadores) e na Câmara dos Deputados (49 de 80 cadeiras).

As alegações do candidato são contestadas pelo TSJE. O órgão aponta que cada seção eleitoral tinha membros e observadores dos partidos de oposição e que os casos nos quais os resultados das atas não coincidem com os registros das máquinas de votação são minoritários, tendo como razão principal erros ou rasuras no preenchimento manual.

Missões de observadores internacionais, enviadas por entidades ou blocos como a União Europeia, também não encontraram indícios de fraude capaz de adulterar o pleito, no qual o Partido Colorado, dominante no país, manteve sua base de cerca de 1,3 milhão de eleitores e se beneficiou da divisão entre os opositores para continuar no poder.

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