Priorizar a saúde ou a economia? O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, parece que não acerta a mão, nem de um lado, nem de outro.
Depois de paralisar o processo de licitação da ponte que ligará Carmelo Peralta, no Paraguai, a Porto Murtinho, no Brasil (MS), ele criou um novo “método”.
Decidiu “avançar no processo licitatório, mas com uma pausa para ver como continuar”.
E explicou: “Vamos continuar priorizando os gastos sociais para o sistema de saúde”, que realmente vive uma situação precária.
A declaração de Abdo foi durante a inauguração de um trecho do Corredor Viário Bioceânico, rodovia que permitirá ligar os oceanos Atlântico e Pacífico (com a ponte).
Licitação de ponte com o Brasil terminará, mas não se executará – manchete do jornal Última Hora, no dia 20 de maio.
A abertura de ofertas na licitação será em 1º de julho, segundo o ministro de Obras Públicas, Arnoldo Wiens.
A construção da ponte será financiada pela margem paraguaia de Itaipu. A Ponte da Integração, entre Foz e Presidente Franco, é financiada pela margem brasileira e segue normalmente o cronograma.
E OS EMPREGOS?
A decisão do presidente, de paralisar obras públicas (a ponte é só uma delas) para atender o sistema de saúde, gerou críticas até dentro da Associação Nacional Republicana (ANR), mais conhecida como Partido Colorado, que está no poder.
O diretor de Emprego da ANR, Enrique López Arce, reconhece a necessidade de diminuir o déficit fiscal e atender a saúde, diz que é preciso considerar os empregos.
O setor de obras públicas emprega 100 mil paraguaios, e se a intenção é paralisar tudo, é preciso, segundo ele, fazer isso devagar e dar alternativas aos desempregados, como noticiou o jornal Última Hora.
PARAGUAI NA CONTRAMÃO
Para López Arce, o Paraguai vai na contramão do resto do mundo. Ele cita países como Chile, Estados Unidos e México, que estão aumentando investimento em obras públicas.
“Este é o momento de aumentar as obras públicas”, afirmou, que podem ser diminuídas quando a economia se regularizar”.
E completou: “Nosso país freou por completo no pior momento da pandemia”.
O economista lembrou que o setor terciário (comércio e serviços) não poderá absorver os 100 mil desempregados, já que foi muito afetado pela pandemia.
O setor primário (agricultura e pecuária), historicamente, reduz cada vez mais os empregos com o aumento da automatização.
Resta o setor secundário (indústrias). Para López Arce, é urgente desenvolver um plano para o setor, para permitir que as empresas gerem 80 mil empregos em 2023, com redução de burocracia e apoio a investimentos.
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