O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta segunda-feira (8), em Assunção, da cúpula semestral de chefes de Estado do Mercosul e países associados. O encontro teve como novidade a adesão plena da Bolívia como sócia do bloco regional.
Leia também:
Paraguai sedia assembleia geral da Organização dos Estados Americanos
O encontro ocorreu no Paraguai devido ao sistema de rodízio da presidência, exercida pelo atual anfitrião desde dezembro do ano passado. Ao término do evento desta segunda, a titularidade foi entregue ao Uruguai, que organizará a cúpula seguinte.
Um dos temas debatidos foi o fortalecimento das relações institucionais entre os países, com defesa da democracia. Em seu discurso, Lula mencionou a denúncia de tentativa de golpe de estado na Bolívia e os atos de 8 de janeiro no Brasil.
“Há menos de 15 dias, um membro de nosso bloco sofreu uma tentativa de golpe. A democracia prevaleceu graças à firmeza do governo boliviano, à mobilização de seu povo e ao rechaço da comunidade internacional. O Mercosul permaneceu unido em defesa do estado de direito. A reação unânime ao 26 de junho na Bolívia e ao 8 de janeiro no Brasil demonstram que não há atalhos à democracia em nossa região”, afirmou.
Segundo Lula, o momento atual do mundo traz desafios aos países da região. “A questão que se impõe é se nossos países querem se integrar ao mundo unidos ou separados. Minha aposta no Mercosul como plataforma de inserção internacional e de desenvolvimento do Brasil permanece inabalável”, discursou.
Sobre a adesão da Bolívia, o presidente brasileiro avaliou que “tem enorme valor estratégico e faz do nosso bloco ator incontornável no contexto da transição energética. Somos ricos em recursos minerais e possuímos abundantes fontes de energia limpa e barata. Temos tudo para nos tornar um elo importante na cadeia de semicondutores, baterias e painéis solares. Podemos formar uma aliança de produtores de minerais críticos para que os benefícios do processamento desses recursos fiquem em nossos países”, estimulou.
Já o presidente anfitrião, Santiago Peña, demonstrou concordância em relação às palavras dos demais mandatários e defendeu que “a democracia não deve ser mera poesia. Precisamos que os nossos países abracem a democracia com conteúdo, a democracia com resultados para os nossos povos”.
Peña também manifestou solidariedade em relação às vítimas das enchentes que atingiram grande parte do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. O Paraguai foi um dos países que mais contribuíram com ajuda humanitária para os afetados pelas cheias.
Argentina
O único país do Mercosul não representado por seu presidente na cúpula foi a Argentina, que enviou a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. Em vez de ir ao Paraguai para um evento oficial de Estado, Javier Milei preferiu participar, no domingo (7), de uma conferência de grupos de direita em Santa Catarina.
Bolívia
Lula permanecerá no Paraguai até amanhã (9), quando embarcará para Santa Cruz de la Sierra, em visita oficial à Bolívia. Tal viagem, segundo o Itamaraty, já estava agendada desde antes da tentativa de golpe militar denunciada pelo presidente boliviano, Luis Arce, no último dia 26 de junho.
Comentários estão fechados.