Os sete corpos encontrados em outubro de 2020 dentro de um contêiner, no porto paraguaio de Villeta, ainda não foram identificados pelos legistas do Ministério Público do Paraguai.
A família de um deles, Ahmed Bel Miloudi, enviou um email ao jornal paraguaio La Nación para saber o motivo da demora e para que o jornal ajude no sentido de apressar os trâmites legais.
A família contou que já enviou as amostras de DNA solicitadas pelo Paraguai, por meio de autoridades do Marrocos, o que foi confirmado pelo Ministério Público paraguaio.
De acordo com nota enviada pelo Ministério Público ao La Nación, a demora na análise é porque está sendo feita nos ossos das vítimas, um trabalho que exige processos técnicos adicionais. O estado em que foram encontrados os restos mortais dificultam ainda mais os exames de identificação, segundo o órgão.
“Só queremos enterrar nossos filhos, o antes possível”, diz o desesperado pedido de ajuda enviado ao jornal pela tia de Ahmed Bel Miloudi. Ela contou que seu irmão, tio de Ahmed, morreu há algumas semanas de tristeza e dor, porque recordava a todo momento a maneira em que morreu seu sobrinho e todo o sofrimento que ele e os outros seis os jovens foram obrigados a suportar.
A TRAGÉDIA
Sete jovens (parentes entre si e amigos) procedentes da Argélia, Marrocos e Egito, contrataram um homem, na Sérvia, onde se encontraram, para viajar clandestinamente até a Itália, país que trata melhor os imigrantes ilegais, conforme eles tinham se informado.
Os sete foram colocados num contêiner, contendo um carregamento de fertilizantes. O contêiner foi embarcado num trem, que supostamente deveria seguir até a Itália, a 500 km de distância.
No entanto, o trem seguiu até o porto e, dali, tomou o rumo do Paraguai, a 16 mil quilômetros de distância, numa viagem por mar e por hidrovia. A viagem durou três meses.
Quando o contêiner foi aberto, no porto de Villeta, foram encontrados, junto com o fertilizante, sete crânios e restos humanos em avançado estado de decomposição.
Os jovens levaram mantimentos – biscoitos, água e comida enlatada – suficientes para durar três dias, pois imaginavam que a viagem seria curta. Foi longa e mortal, por falta de comida e água, além de pouco oxigênio (havia apenas um buraco no contêiner, para entrar ar).
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