Cigarro do Paraguai é o terceiro mais consumido no Brasil

Mais em conta que os nacionais, produto da marca Eight não tem controle sanitário.

Com o mercado voltado aos vizinhos da América do Sul, o cigarro paraguaio é um concorrente turbinado pela deslealdade. No Brasil, o cigarro Eight é o terceiro mais consumido, atrás de duas marcas nacionais.

Fruto do contrabando, o cigarro do Paraguai representa hoje 32% do mercado brasileiro. Esse número já foi maior e chegou 60% em 2016.

No entanto, a perspectiva é de que a presença do cigarro ilegal cresça no país neste ano em razão do aumento de impostos que ocorreu em novembro de 2024, diz o presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona. No Brasil, a carga tributária do cigarro varia de 70% a 90%.

Vismona classifica o Paraguai como o hub da América Latina quando se trata de contrabando de cigarro. O país tem cerca de dez fábricas que conseguem vender mais barato aos vizinhos em razão da isenção de impostos.

Cigarros apreendidos
Cigarros contrabandeados lotam pátio da RF. Foto; Divulgação RF

O produto circula principalmente pela Argentina, Uruguai, Bolívia e Equador. No Brasil, além da marca Eight, a Gift, também do Paraguai, está na lista das dez mais consumidas.

O mercado paraguaio produz cerca de 50 bilhões de unidades de cigarro, porém consome apenas quatro bilhões.

Produto de baixa qualidade

O impacto do cigarro não se resume à questão fiscal. O produto fabricado no Paraguai não atende às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é fabricado com nicotina e alcatrão sem controle sanitário.

O Paraguai, segundo Vismona, tem compromisso com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para aumentar o imposto, mas não respeita. “O governo brasileiro deveria cada vez mais demonstrar a brutal distorção para que o Paraguai cumpra as regras da OMS”, frisa.

Outro impacto do produto contrabandeado no Brasil é na criminalidade. Cada vez mais, organizações criminosas se apropriam do mercado de cigarros para fazer dinheiro. Para isso, abrem fábricas clandestinas no país e utilizam trabalhadores em regime análogo à escravidão.

Vismona informa que várias fábricas produzem para milícias e em alguns locais do Rio de Janeiro não é permitido vender o cigarro que não seja desses grupos.

Disparidade de preços

Além de ser contrabandeado, o cigarro Eight também é produzido em fábricas clandestinas no Brasil. Nos últimos anos, mais de 50 foram fechadas.

cigarro contrabandeado
Cigarro é um dos produtos mais apreendidos na fronteira. Foto: Divulgação RF

Enquanto o preço do maço do cigarro paraguaio vendido no Brasil varia entre R$ 4,50 e R$ 5, o do cigarro nacional está entre R$ 7 e R$ 7,50, o que representa um estímulo para os fumantes de baixa renda, pontua Vismona.

No próprio Paraguai, o cigarro Eight também é um dos mais vendidos.

Produto lidera apreensões da RF

O cigarro ainda é o produto que lidera as apreensões da Receita Federal (RF). Apesar de uma ligeira queda registrada ano passado em relação a 2023, explicada em parte pelo aumento do dólar, a entrada do produto no Brasil é preocupante.

No Paraná, a maior parte das apreensões ocorre na região de Guaíra.

Veja os números:

Estatísticas cigarros
Fonte: Receita Federal

Paraná lidera as apreensões em rodovias

apreensões cigarros
Fonte: PRF
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