Cão cientista é homenageado com estátua no lado argentino

Possuidor de olfato apurado, Train auxiliou em estudos para a conservação da fauna na reserva de Urugua-í, próxima a Puerto Iguazú.

Localizado ao sul da cidade fronteiriça de Puerto Iguazú, o Parque Provincia Urugua-í, vizinho ao Parque Nacional Iguazú, agora conta com uma estátua em homenagem a Train, cão da raça Chesapeake Bay Retriever, que atuou durante vários anos no apoio aos cientistas que fazem pesquisas com a fauna local.

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Conhecido por seu olfato apurado, usado para rastrear animais como onças, antas, pacas, queixadas e outros mamíferos, Train ganhou o apelido de “cão cientista”, dado pelos integrantes do Projeto Zorro Pitoco, que pesquisa os hábitos do cachorro-vinagre (Speothos venaticus), carnívoro típico da região.

A estátua foi inaugurada no sábado (22), nas imediações do posto Uruzú. Karen DeMatteo, bióloga do WildCare Institute Saint Louis Zoo, dos Estados Unidos, foi a responsável por trazê-lo à Argentina para as pesquisas na mata.

Pesquisadores e trabalhadores do parque participaram da inauguração. Foto: Gentileza/Ministério da Ecologia de Misiones.
Pesquisadores e trabalhadores do parque participaram da inauguração. Foto: Gentileza/Ministério da Ecologia de Misiones.

“Train foi um grande trabalhador. Foi o segundo cão treinado que tive. Começou sua tarefa em 2009, no estado de Washington, no norte dos EUA, com a adestradora Bárbara. Ele foi treinado para entrar na Divisão de Narcóticos, mas não passou nos exames. Bárbara estava convencida de que ele seria útil para mim”, recordou Karen, em declarações reproduzidas na rede social Facebook.

O cão faleceu em 2022, com idade de cerca de 15 anos. Sua principal missão na região era a identificação de fezes de mamíferos nativos. O trabalho de Train foi considerado fundamental para a localização de rotas e a detecção de problemas, como o aumento da caça predatória na área pesquisada.

“Os números de sua tarefa falam por si: durante cinco temporadas em Misiones, caminhou 4,5 mil quilômetros, localizando mil fezes de cinco espécies (onças-pintadas, pumas, jaguatiricas, gatos-do-mato e cachorros-vinagre), com as quais foi possível traçar uma área ideal no Corredor Verde, para potencializar os trabalhos de preservação”, destaca o Ministério da Ecologia de Misiones.

“Entre 2016 e 2018, ele passou a identificar quatro presas desses carnívoros (anta, paca e duas espécies de queixadas), localizando centenas de amostras. Nesses dois anos, soube alertar sobre a diminuição no número de amostras, além de um aumento preocupante de evidências de caça predatória”, complementa o material.

“Em 2022, esse Chesapeake Bay Retriever deixou esse mundo. Entretanto, viverá na memória de muita gente ligada ao cuidado dos nossos recursos naturais. Por isso, no posto Uruzú, do Parque Provincial Urugua-í, ele terá uma homenagem permanente”, descreve o Ministério da Ecologia, em nota distribuída à imprensa.

Além de querido pela equipe de pesquisadores, Train atraía a atenção de crianças e moradores das áreas próximas ao parque. Foto: Gentileza/Ministério da Ecologia de Misiones.
Além de querido pela equipe de pesquisadores, Train atraía a atenção de crianças e moradores das áreas próximas ao parque. Foto: Gentileza/Ministério da Ecologia de Misiones.
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