O jornal ABC Color conseguiu entrevistar o jovem brasileiro Matheus Magiocca, sequestrado e vítima de extorsão por policiais paraguaios, junto com sua noiva, Julia de Lima Venancio. O casal já está de volta ao Brasil, depois que identificou os policiais que participaram do crime.
Matheus contou que ele e a noiva chegaram ao Paraguai no dia 6 de janeiro. Eles já estavam concluindo um último percurso turístico, depois de visitarem Assunção, Encarnación e as ruínas jesuíticas, e voltavam para Ciudad del Este quando, na segunda-feira, 18, foram abordados por agentes no posto policial de Torín, departamento de Caaguazú, a 100 km da fronteira.
Desde o princípio, os policiais, queriam dinheiro. Pediram R$ 50 mil, inicialmente, ameaçando com prisão o rapaz, por posse de drogas (que iriam “plantar”), e sua noiva por prostituição. Disseram que ele pegaria 25 anos de prisão.
Pelo telefone, o casal pediu que a família transferisse dinheiro para a conta de Julia. O máximo que conseguiram foi R$ 25 mil, que os “polibandidos”, como os chama o ABC Color, acabaram aceitando.
O casal ficou detido a noite inteira na delegacia. Eles foram despertados às 6h de terça-feira, 19, para viajar a Ciudad del Este, de onde a jovem viria a Foz retirar o dinheiro. Dois policiais vieram no carro do casal. Em Ciudad del Este, já estavam outros dois.
Um dos agentes parou um táxi para que Julia fosse retirar dinheiro numa agência bancária em Foz, enquanto Matheus ficou com os quatro policiais.
NERVOSISMO E QUANTIA ALTA
Na agência do Banco do Brasil, ela tentou sacar o dinheiro, mas, como a quantia era muito alta, o banco teria que ser informado antes. Como ela se desesperou, explicou o caso aos seguranças do banco, que chamaram a polícia. Em seguida, houve o contato com autoridades paraguaias.
Sob a mira de armas de fogo e sem entender o que falavam – só em guarani -, Matheus disse que os policiais conversaram com o taxista e souberam que tinham sido delatados. Falaram então ao rapaz que era para esperar a noiva e voltar ao Brasil o mais rápido possível.
Os “polibandidos” acabaram deixando o jovem no carro dele e pouco tempo depois chegou sua noiva. A essa altura, o comando tripartite de segurança da fronteira já estava em alerta.
Depois de fazer o reconhecimento dos autores da extorsão, o casal pôde atravessar a fronteira.
A denúncia do casal envolvia também o chefe da delegacia de Torín, comissário Alcides Velázquez, “mas, estranhamente, ele se salvou de ir preso”, diz o jornal ABC Color.
O chefe de Investigações, comissário Javier Flores, não soube explicar por que Velázquez não foi preso, apenas informou que a promotora Estela Ramíres foi quem ordenou a detenção dos quatro agentes. No entanto, disse que haverá outros procedimentos que poderão levar a novas prisões, nesta quarta-feira.
ATUALIZAÇÃO
Na tarde desta quarta-feira, 20, a promotora Estela Mary Ramírez ordenou a prisão, por suspeita de cumplicidade, do comissário Alcides Velázquez, no caso de extorsão dos turistas brasileiros, informa o jornal Última Hora.
A promotora disse que os quatro agentes presos estão sujeitos a à imputação pelo crime de sequestro. O comissário, por cumplicidade, já que se supõe que Velázques legalizou a atuação dos subalternos, ao assinar o procedimento.
Na terça-feira, foram presos quatro agentes da delegacia de Torín, identificados como Eladio Giménez, Gustavo Toledo, Omar Paredes e Julio Díaz, por suspeita de privação ilegítima de liberdade e extorsão.
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