Projeto é do governo da província de Misiones. As obras devem começar dentro de 10 dias e terminar em três meses.
O microcentro de Puerto Iguazú vai passar por uma transformação quase radical. Dentro de 10 dias, começa a primeira etapa das obras na Avenida Brasil, que no trecho entre o local chamado Sete Esquinas e a Feirinha será transformada em calçadão, com espaço para passagem de apenas um veículo, sem estacionamentos laterais.
As redes elétricas e telefônicas serão enterradas, haverá melhor integração com os espaços verdes e melhoria nos acessos às lojas, além do plantio de mais árvores.
Os comerciantes, enquanto durarem as obras, serão beneficiados com linhas de crédito a taxas de 10% a 12% ao ano, com carência de um ano para iniciar o pagamento (taxas muito amigáveis, num país com inflação de 50% ao ano).
Os comerciantes poderão investir os recursos em projetos de melhorias nas fachadas ou no interior dos estabelecimentos.
Os projetos para Puerto Iguazú foram apresentados pelo governador Oscar Herrera Ahuad nesta quinta-feira, 18, e incluem um pacote de obras de acessibilidade aos bairros, com melhorias também na sinalização e iluminação.
A intervenção no microcentro será feita em cerca de 800 metros da Avenida Brasil, sem interrupção da atividade econômica, segundo o governador.
Ele disse, ainda, que as obras não visam apenas agradar os turistas, mas também o bem-estar dos moradores de Puerto Iguazú.
A remodelação do microcentro foi divida em duas etapas. Na primeira, a Avenida Brasil será transformada em calçadão. Na segunda fase, será trabalhado o sentido inverso, da Avenida Aguirre até onde foi concluída a primeira etapa.
Inicialmente, prevê-se que as obras do microcentro ficarão concluídas dentro de três meses.
Com 45 mil habitantes, Puerto Iguazú atrai milhares de visitantes o ano inteiro (exclua-se apenas o período da pandemia), graças às Cataratas do Iguaçu e, também, ao interesse de brasileiros em conhecer e fazer compras na cidade de fronteira.
LERNER, O PIONEIRO
A transformação de avenidas do centro de cidades em calçadões teve como pioneiro, na América do Sul, o então prefeito de Curitiba Jaime Lerner (1937-2021), que em 1971 fechou para o tráfego de veículos um amplo trecho da Avenida Quinze de Novembro, então a mais movimentada da capital paranaense.
Embora inicialmente tenha sido alvo de críticas de comerciantes e da imprensa, o Calçadão, aos poucos, tornou-se o queridinho dos curitibanos, que o tornaram um ponto de encontro e de passagem. E isso beneficiou o próprio comércio.
Mais tarde, outros trechos de calçadão foram somados ao projeto inicial. E, ao longo dos anos seguintes, dezenas de cidades, Brasil e América do Sul afora, copiaram Curitiba, implantando vias exclusivas para pedestres. É o caso de São Paulo e Bogotá, na Colômbia, pra ficar apenas em dois exemplos.
Até mesmo Foz transformou sua Avenida Brasil em “quase” exclusiva para pedestres, mas a gestão da Prefeitura, na época, não resistiu a pressões para que fosse permitida a passagem de veículos, que circulam e estacionam ao longo de toda a via.
“CIGARRO DO FUTURO”
Vias exclusivas para pedestres já existiam no mundo, em alguns países da Europa e até nos Estados Unidos, desde 1920. Mas, em plena efervescência da indústria automobilística, em países como o Brasil, “calçadões” soavam quase como uma heresia.
Visionário, Lerner já pensava em como os veículos particulares se transformariam num dos piores problemas para as grandes cidades (e para o planeta inteiro).
Numa entrevista ao jornal El País, poucos anos antes de morrer, ele traduziu o que achava do transporte particular. “O carro é o cigarro do futuro. Vai praticamente desaparecer. Será só para viagens e lazer, não para a cidade.”
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