Desde agosto do ano passado, 5.819 mulheres russas, no último trimestre da gestação, desembarcaram na Argentina como turistas e tiveram filhos em hospitais e clínicas de Buenos Aires e outras localidades. O motivo, conforme investigações em andamento, está relacionado às facilidades para a obtenção do passaporte argentino.
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Conforme a legislação nacional, crianças nascidas em território argentino, independentemente da procedência dos pais, podem ser registradas como argentinas. Os progenitores, por sua vez, ganham direito a residência permanente, com a qual podem, de maneira simplificada, solicitar documentos como o passaporte.
De acordo com o portal Notícias Argentinas, 14.068 viajantes de nacionalidade russa deram entrada na Argentina em 2022, com o total de grávidas chamando atenção da Direção Nacional de Migrações (DNM), que detectou o fato de que a maioria conta com pacotes turísticos similares, incluindo o aluguel de casas ou apartamentos.
O assunto já tinha sido abordado pelo jornal britânico The Guardian, que publicou matéria, no início de janeiro, sobre o “turismo de nascimento” em terras argentinas, com a existência de agências especializadas em assessorar grávidas russas, como a RuArgentina, oferecendo serviços de tradução e apoio durante a estada no país.
Ao canal de notícias TN, a titular da DNM, Florencia Carignano, disse, no fim de semana, que “a quantidade de mulheres por dia é realmente grande. Na quinta-feira (9) à noite, no último voo da Ethiopian Airlines, entraram 33 cidadãs russas com gestações entre 32 e 33 semanas, com pacote turístico já fechado e contrato de aluguel temporário”.
“Estamos encantados que elas venham fazer suas vidas na Argentina, mas o problema é que elas chegam, têm os filhos, registram os bebês como argentinos, vão embora e não voltam mais. Aqui há gente que está usando nosso passaporte”, avaliou. “Já entregamos dados à Justiça para continuar cuidando da segurança do nosso passaporte.”
Devido à invasão russa à Ucrânia, cidadãos com passaporte russo enfrentam restrições ou proibições para viajar a outras partes da Europa e do mundo, o que dificulta, até mesmo, as tentativas de fugir da guerra. Já o passaporte argentino é aceito, sem visto ou com exigências mínimas, em 171 países, incluindo destinos na União Europeia.
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