Argentina trata mal empresários locais e turistas, dizem portais de Puerto Iguazú

Filas na Aduana, filas para abastecer, novas exigências a cada dia. Que acontece na fronteira?

Filas na Aduana, filas para abastecer, novas exigências a cada dia. Que acontece na fronteira?

Por um lado, é eliminada a exigência de teste PCR para entrar na Argentina; de outro, agora se pede aos transportadores de turismo que, uma vez por semana, apresentam um teste de antígeno ou PCR, para poder entrar e sair; e, ainda, um seguro saúde.

A jornalista Kelly Ferreyra, do portal La Voz de Cataratas, é que faz a observação acima. Para ela, há “incertezas, confusão, faltam empatia, organização e a presença das autoridades responsáveis, além de uma estretégia para saber onde vamos”.

E completa: “O que deveria ser algo que traga tranquilidade ao setor turístico, está trazendo mais problemas que benefícios” (…), como “reflexo do país que estavamos vivendo. Um país sem reumo, com incerteza, marcado pela ruptura e o individualismo”.

Voltaremos depois a outros detalhes das críticas de Kelly.

BUROCRACIA E O TURISMO

O portal El Independiente Iguazú segue na mesma linha, em editorial. “Deixamos claro que os argentinos, em quase todas as esferas, tratamos mal a quem inverte e gera recursos”, diz, referindo-se aos empresários locais, acrescentando que também sofre “o estrangeiro que chega ao país para gastar seu dinheiro em produtos de consumo e turismo”.

A “burocracia administrativa é constante” e “dificulta o trânsito cômodo e agradável do brasileiro e paraguaiow pela Ponte Tancredo Neves, entre Puerto Iguazú e Foz do Iguaçu”.

E isso também acontece entre Posadas e Encarnación (Paraguai), “onde transitar pela ponte internacional Roque González é uma verdadeira tortura humana, com mais de cinco horas de fila e uma espera ao sol que não tem explicação”.

FOZTRANS

O Instituto de Trânsito de Foz (Foztrans), segundo El Independiente Iguazú, manifesta preocupação com aspectos administrativos que incomodam os brasileiros que atravessam a fronteira.

O Foztrans reclama que, quando se entra pela faixa específica para turistas, é exigido um tipo de documentos; nas faixas normais, exige-se outro.

O titular do Foztranz,Licério Santos, disse a El Independiente Iguazú que é preciso “respeitar os acordos que temos desde 2001 e manter a validade, para dar tranquilidade ao pessoal de turismo para saber como devemos operar na ponte”.

O portal lembra que os funcionários brasileiros querem ser escutados por funcionários argentinos de Buenos Aires, já que é de lá que saem decisões e soluções para a distante e sempre esquecida fronteira.

COMBUSTÍVEIS

Filas para abastecer: queixas dos moradores, longa espera pra todo mundo. Foto Arquivo

Além da própria passagem pela fronteira, principalmente nos finais de semana, outro inconveniente, de acordo com o portal, é o abastecimento de combustível no contexto atual, que prejudica os moradores locais, obrigados às vezes a abastecer em Libertad, a 40 km de distância, ou em Esperanza e Wanda.

Empresários de turismo de Puerto Iguazú reclamam que têm dificuldades para trabalhar e que esperam na fila, muitas vezes, três ou quatro horas para abastecer, devido à presença de brasileiros e paraguaios. Às vezes, têm até que rejeitar passageiros, por falta de combustível.

Por outro lado, destaca El Independiente Iguazú, “é injusto restringir o combustível aos estrangeiros, levando em conta que, em plena pandemia e em meio de uma ‘cidade fantasma’, vivíamos a ansiedade da espera por eles para que viessem e reativassem a economia”.

Além de tudo, 2uando os turistas voltaram, mais dois problemas: os serviços deficientes de energia elétrica e de abastecimento de água, que levaram hoteleiros a ter que devolver dinheiro aos hóspedes.

AUSÊNCIA

Kelly Ferreira, em La Voz de Cataratas, segue com suas críticas. Ela reclama que organismos públicos, que deveriam estar se ocupando em agilizar o trânsito na fronteira, estão “completamente ausentes, e os poucos funcionários presentes não decidem sobre as peripécias da passagem de fronteiras, tanto para sair como para entrar”.

Até o PCR, que antes era exigido e foi dispensado em portaria da Migrações argentina, já deixou muitos brasileiros sem saber o que fazer, porque ao passar o documento vez por outra é solicitado. Depende do azar de quem vai passar: se pegar um funcionário que desconhece a portaria, não entra.

Isto acontece, diz Kelly, “porque os que decidem não estão ou não conhecem o território, e portanto as decisões carecem de fundamento e repecutem automaticamente no cotidiano de centenas de trabalhadores da Argentina e do Brasil, que diariamente vão e vêm”.

É o caso, agora, do PCR ou teste de antígeno semanais para os transportadores de turistas, decisão que Kelly considera “falta de critério e vontade para resolver as questões pelas quais (as autoridades) ocupam cargos e foram designadas”. Situações como esta, diz, “geram distanciamento com o país vizinho (Brasil), deixando às claras a falta de integração e de vontade de fazer com que as coisas melhorem”.

HORAS NA FILA

Em outro texto, El Independiente Iguazú diz que, em alguns momentos do sábado passado, dia 29, houve registro de quase três horas de espera para entrar em Puerto Iguazú.

Ao chegar na última curva entre a ponte e a Aduana da Argentina, muitos motoristas brasileiros simplesmente desistiram e voltaram ao País, observa o portal.

“A lentidão nso trâmites para cruzar a fronteira afeta negativamente o turismo local, tal como ocorria antes da pandemia.”

DE LONGE

Como observam os dois portais, o centro de decisões para a passagem pela ponte de argentinos, brasileiros e paraguaios está a 1.300 km de distância, em gabinetes confortáveis na capital argentina.

Lá se decide tudo, mas este olhar distante nem sempre atende as necessidades da uma região quase sempre esquecida, embora seja a segunda fronteira argentina com mais movimento. A centralização de decisões já trouxe vários problemas no período pré-reabertura da fronteira, com idas e voltas que só prejudicaram Puerto Iguazú.

Muitos brasileiros, principalmente de Foz, ainda não foram a Puerto Iguazú justamente pelo medo de ficar na fila, ao sol, e de chegar na Aduana e ter a entrada recusada, por desorientação de funcionários.

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