A terça-feira (20) foi de muita emoção para as famílias Hoppe e Corral, em Puerto Iguazú, com a instalação de uma placa, no portal de acesso ao Parque Nacional Iguazú, indicando que, no local, foram cometidos crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar que dominou o país entre os anos de 1976 e 1983.
A placa reconhece a unidade de conservação como um “Sítio da Memória”, em alusão ao funcionamento de “centros clandestinos de detenção, tortura e extermínio ou lugares onde aconteceram fatos emblemáticos da atuação da repressão ilegal desenvolvida durante o terrorismo de Estado exercido no país até 10 de dezembro de 1983”.
A placa com os dizeres “aqui foram cometidos crimes de lesa-humanidade durante o terrorismo de Estado” recorda fato ocorrido em 21 de fevereiro de 1978, quando 20 militares trajados como civis invadiram o Camping e Hospedaria Hoppe, no interior da unidade, para sequestrar os proprietários e os hóspedes alojados no empreendimento.
Todos os cerca de dez adultos (os filhos de Juan Hoppe, menores de idade, permaneceram na hospedaria) foram levados a um centro de detenção clandestina nos arredores da capital da província de Misiones, Posadas, onde foram torturados e mantidos incomunicáveis durante duas semanas.
Uma das pessoas sequestradas pelos repressores, Manuel Javier Corral, permanece até hoje na lista de desaparecidos da ditadura argentina. Mariana Corral, filha de Manuel, foi uma das participantes do ato dessa terça, ao lado de Guillermina Hoppe, filha de Juan Hoppe, e de outros familiares das pessoas sequestradas no episódio, jamais esclarecido.
Um ano mais tarde, em 1979, a família Hoppe foi desalojada do interior do Parque Nacional Iguazú e destituída de todas as suas posses. No local onde funcionava o Camping e Hospedaria Hoppe, no trecho entre a entrada da reserva e o acesso ao aeroporto de Puerto Iguazú, resta apenas o pomar que foi plantado por Juan Hoppe.
O reconhecimento do ocorrido na unidade de conservação é oficial, com o ato de descerramento da placa contando com a presença de autoridades como a vice-presidente da Administração de Parques Nacionais (APN), Natalia Jauri; do chefe do Parque Nacional Iguazú, Atilio Guzmán; e da diretora de Direitos Humanos, Lorena Battistiol.
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