Argentina entrega presidência semestral do Mercosul ao Brasil

O Brasil assumiu, nessa quinta-feira (8), a presidência semestral do Mercosul, que estava com a Argentina. A transferência ocorreu durante cúpula virtual com a participação dos presidentes Jair Bolsonaro (Brasil), Alberto Fernández (Argentina), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Luis Lacalle Pou (Uruguai).

O clima dos debates foi tenso, em especial, entre os representantes das duas maiores economias do bloco. Além de prever goleada brasileira na final da Copa América de futebol (um dos assuntos mais destacados na imprensa argentina), Jair Bolsonaro criticou o que chamou de falta de resultados nos meses presididos pela Argentina.

“O semestre que se encerrou deixou de corresponder às expectativas e necessidade de modernização do Mercosul. Deveríamos ter apresentado resultados concretos nos dois temas que mais mobilizam nossos esforços recentes: a revisão da tarifa externa comum e a flexibilidade para negociação comerciais com parceiros externos”, discursou o presidente brasileiro, citado pela Agência Brasil.

Alberto Fernández, por sua vez, argumentou que a redução das alíquotas externas de importação, tal como pretendido pelo Brasil, é prejudicial à indústria do bloco. O governo argentino apontou, também, que liberar cada país para assinar tratados comerciais sem a participação dos demais membros pode gerar ainda mais desigualdades no Mercosul.

“Nossa posição é clara, acreditamos que o caminho é cumprir o Tratado de Assunção [documento de fundação do Mercosul], negociar juntos com terceiros países ou blocos e respeitar a figura do consenso, com base na tomada de decisões em nosso processo de integração”, disse Fernández.

Após o Brasil, o próximo a assumir a presidência semestral do bloco será o Paraguai, em janeiro de 2022. O governo de Mario Abdo Benítez tem se equilibrado entre as posições brasileiras e argentinas, sendo favorável à redução de alíquotas, mas defendendo a continuidade das negociações conjuntas. O Uruguai é o país mais interessado em firmar tratados independentes.

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