Argentina e Paraguai vão pedir ao Brasil para usinas liberarem água no Rio Paraná

Situação é crítica. No caso da Argentina, preocupação é com o abastecimento da população. No Paraguai, com o transporte da safra.

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O governador da província de Misiones, na Argentina, Oscar Herrera Auad, e o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, vieram conferir em Puerto Iguazú, na quarta-feira (19), como estava a situação dos rios Iguaçu e Paraná, que enfrentam uma das piores estiagens da história, informou o portal Misiones on Line.

Foram feitas fotos dos dois rios, que Scioli vai apresentar a autoridades brasileiras, em busca de uma solução para evitar o desabastecimento de muitos municípios argentinos que retiram água do Rio Paraná. No caso de Puerto Iguazú, o fornecimento vem principalmente do Rio Iguaçu.

“Entendo que as autoridades paraguaias também estão fazendo a mesma reivindicação sobre a possibilidade de ter um regime hídrico estável com a abertura das comportas de muitas represas que estão rio acima, no Brasil”, disse o governador.

CARGAS PARADAS

No Paraguai, a preocupação é com as cargas de soja e derivados, além de milho, retidas antes da hidrelétrica binacional de Yacyretá, à espera de que a vazão do rio permita que seja utilizada a eclusa da usina, para que as barcaças possam chegar aos portos da Argentina e Uruguai.

Segundo o jornal La Nación, o diretor do porto OTS de Presidente Franco, Mauro Álvarez, informou que as barcaças até conseguem sair da região das três fronteiras, com muitas dificuldades, para chegar à área próxima a Yacyretá, onde ficam aguardando.

Normalmente, disse ele, a navegação até aquele local é feita por seis barcaças ao mesmo tempo, mas hoje só uma ou duas conseguem seguir até lá, devido ao baixo nível do Rio Paraná.

“Isso representa muita lentidão e altíssimos custos na logística. No final, o custo da viagem é o mesmo, mas ela é feita dividida por muito menos carga, o que faz o gasto por tonelada ser enorme. É um grande prejuízo que afeta toda a cadeia logística”, explicou.

Ele contou que há muitos comboios para atravessar a usina de Yacyretá. Há 11 portos privados na região das três fronteiras, todos muito afetados. “Temos 70 barcaças, umas 100 mil toneladas, mas há outras empresas de navegação com 24 mil toneladas”, disse.

BAIXA FOI MUITO RÁPIDA

“Estamos na expectativa”, afirmou Wilson Sedy, dirigente da Caterpa (Câmara de Terminais Portuários) e Capeco (Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas).

Nos portos, segundo ele, estão armazenadas 600 mil toneladas, o que representa a capacidade total de armazenamento. Há ainda 1 milhão de toneladas armazenada nos silos, nas cooperativas de produtores e em empresas que se dedicam à armazenagem de grãos.

E isso se soma às 125 mil toneladas que estão nos comboios de barcaças. Sedy garantiu que os portos e os transportadores já previam a baixa do Rio Paraná, mas “a queda se deu de forma precipitada e bastante abrupta, não permitindo que os comboios navegassem até o destino”.

O jornal La Nación destaca que esta é a pior seca do Rio Paraná desde 1985. A solução, mais uma vez, está em Itaipu, que precisaria liberar água para permitir o transporte da produção paraguaia. A binacional está acompanhando as negociações entre os governos.

Wilson Sedy afirmou que se está dialogando com os brasileiros para se chegar a um acordo, e lembrou que em ocasiões anteriores sempre houve boa vontade do Brasil para resolver estas situações.

A água utilizada pelas binacionais Itaipu e Yacyretá vem das usinas a montante (acima), localizadas na Bacia do Rio Paraná, onde a estiagem não dá sinais de arrefecimento.

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