Além da senadora paraguaia que renunciou, há outros 500 “vacinados vip”, que furaram fila

Escândalo estoura na Saúde Pública do Paraguai, onde políticos, autoridades e funcionários públicos foram imunizados sem ter direito.

A senadora Mirta Gusinky, que renunciou ao cargo sob pressão de seu próprio partido, ao ser denunciada por ter recebido a vacina contra covid-19 antes mesmo de a imunização ser aberta para idosos de mais de 75 anos, “é só a ponta do iceberg”, noticia o jornal Última Hora.

O Ministério de Saúde Pública investiga quase 500 “vacinações vip”. E o Ministério Público deu prazo de 24 horas ao ministério para que entregue os nomes de todos os privilegiados que furaram a fila da vacina, ocupando o lugar de idosos com mais de 75 anos e do pessoal que atua em hospitais, no combate à doença.

Na lista, estão ex-vereadores, autoridades municipais, ex-deputados e até um promotor geral, além de funcionários públicos, num total de quase 500 pessoas.

O escândalo saiu à luz, lembra o Última Hora, depois que um especialista em informática, Valentín Sánchez, publicou nas redes sociais dados e nomes de 496 pessoas vacinadas irregularmente.

Todos os “vacinados vip” receberam a imunização antes do dia 27 de abril, data em que recém havia iniciado a vacinação de idosos com 75 anos ou mais.

POLÍTICOS FURA-FILA

A lista tem 195 funcionários públicos, com idades entre 60 e 84 anos. No grupo está a senadora Mirta Gusinky, de 73 anos, que depois do escândalo decidiu renunciar ao cargo. Há ainda outros legisladores, como Cornelius Sawatzky (72 anos), Elba Recalde (70), Celso Troche (66) e o pai do senador Rodolfo Max Friedmann Cresta, de 66 anos.

O promotor geral Rubén Candia Amarilla, de 65 anos, foi vacinado com a AstraZeneca em 11 de abril, no Hospital Geral de Bairro Obrero, em Assunção.

ATÉ JOVENS

No dia 27 de abril começou a vacinação de idosos com mais de 75 anos. Antes dessa data, já havia 500 fura-filas. Foto Agência IP

Até a data dessa “vacinação vip”, a imunização só estava sendo feita em funcionários do setor de saúde, especialmente aqueles que atuam na linha de frente no combate à covid-19.

Mas o que chama ainda mais a atenção, ressalva o Última Hora, é que a relação de vacinados vip conta com pelo menos 39 funcionários públicos com idades entre 25 e 59 anos, que foram imunizados no transcurso de abril.

Além disso, figuram na lista cerca de 250 ex-candidatos e autoridades municipais eleitas, com idades de 60 anos para mais.

PROMOTORA PEDE LISTA

A promotora María Luján Estigarribia enviou nesta segunda-feira, 3, em caráter de urgência, um requerimento ao Ministério Pública pedindo a lista completa das pessoas que foram vacinadas e que não estavam dentro da idade permitida para receber as duas doses de imunizantes.

Solicitou que no prazo de 24 horas seja enviada a ela um informe “discriminado por zona e departamento (…), inclusive quais foram as justificativas e critério para que as pessoas que não estavam na faixa de idade” se vacinaram.

A promotora pede ainda planilhas e autorizações das pessoas que foram imunizadas sem ter direito e os dados pessoais e cargos dos responsáveis por executar ou autorizar as vacinações.

A promotora quer também que o ministério mande a listagem completa dos funcionários que aplicaram as vacinas.

MINISTÉRIO PROMETE PUNIÇÕES

O ministro de Saúde Pública, Julio Borba, disse que os pedidos da promotora serão atendidos. E assegurou que, se forem encontrados erros ou irregularidades, serão tomadas as medidas pertinentes.

“Faremos cumprir as sanções para aquelas pessoas que, irresponsavelmente, não cuidaram do bem público mais valorizado no Paraguai”, afirmou.

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