O que é o sonho?

Professor Caverna fala sobre o que é o sonho na filosofia.

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Por Professor Caverna | OPINIÃO

Se você já parou pra pensar sobre os seus sonhos e o que eles significam, já deu o primeiro passo no caminho de muitos filósofos. Afinal, a ideia de “sonho” não é só aquela viagem meio maluca que a gente faz quando dorme. Na filosofia, sonhar vai muito além disso, e grandes pensadores da história já quebraram a cabeça tentando entender o que, afinal, são os sonhos e qual o papel deles na nossa vida e na nossa percepção de realidade.

Vamos começar com o básico: O sonho é real? Para os filósofos da antiguidade, essa era uma pergunta crucial. Platão, por exemplo, já dizia que o mundo que vemos e tocamos não é a verdadeira realidade. Ele acreditava que os sonhos poderiam ser um meio de acessar uma realidade mais profunda, uma espécie de reflexo das ideias perfeitas que habitam o “mundo das ideias”. Meio complexo, né? Mas a ideia dele era basicamente que o que a gente vivencia acordado é uma sombra da verdadeira realidade, e os sonhos poderiam nos aproximar mais dessa verdade.

Já o filósofo grego Aristóteles tinha uma visão bem mais prática. Pra ele, o sonho era simplesmente uma continuação do que acontece enquanto estamos acordados, como se fosse uma forma de processar o que a gente viveu e sentiu durante o dia. Não tem nada de “mundo perfeito”, e sim algo mais psicológico, ligado à memória e às emoções. Essa visão de Aristóteles acabou inspirando muitas teorias modernas, que veem os sonhos como uma ferramenta do cérebro para organizar as ideias.

Uma das perguntas mais doidas que a filosofia trouxe sobre os sonhos é: Será que estamos sonhando agora? Essa questão foi levantada com força pelo filósofo francês René Descartes, lá no século XVII. Descartes tinha um método bem peculiar de fazer filosofia, ele duvidava de tudo. E quando eu digo tudo, é tudo mesmo, incluindo a realidade. Ele se perguntava: “Como posso saber que agora, neste exato momento, eu não estou apenas sonhando?”Esse questionamento ficou super famoso e gerou debates até hoje. Descartes queria entender se existia algo no mundo que fosse realmente indiscutível. Se tudo pode ser parte de um sonho, será que alguma coisa é realmente certa? No fim das contas, ele chegou à conclusão de que, se a gente é capaz de duvidar, significa que estamos pensando. E se estamos pensando, então ao menos a nossa própria existência é real. Foi daí que saiu a frase famosa dele: “Penso, logo existo”

Mas nem só de dúvidas sobre a realidade vivem os filósofos. Carl Jung, um dos principais nomes da Psicologia, trouxe uma perspectiva mais otimista e profunda sobre os sonhos. Para ele, sonhar era uma ferramenta poderosa para entender a si mesmo. Ele acreditava que os sonhos eram uma forma do inconsciente se comunicar com o consciente, mostrando aspectos da nossa personalidade e desejos escondidos.

Enquanto dormimos, nossos sonhos podem nos revelar mensagens importantes, não só sobre o que está rolando na nossa vida, mas também sobre medos, inseguranças e até potencialidades que ainda não reconhecemos. Jung defendia que, se interpretarmos nossos sonhos, podemos crescer como indivíduos e nos conhecer melhor. Tá aí uma ideia que muita gente ainda segue nos dias de hoje!

Agora, falando de uma forma mais filosófica e não só no sentido literal de “sonhar”, podemos pensar nos sonhos acordados, aqueles que envolvem nossos desejos e ambições para o futuro. Aqui, muitos filósofos falam da importância de sonhar como uma forma de dar sentido à vida. Grandes pensadores como Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre refletiram sobre a importância de ter ideais e objetivos que nos movam adiante.

Nietzsche, por exemplo, dizia que a vida precisa ser vivida intensamente, e os sonhos, no sentido de aspirações, são fundamentais para dar cor e força à nossa existência. Sartre, por outro lado, pensava que somos responsáveis por criar o sentido da nossa vida, já que o mundo, por si só, não tem um significado pré-definido. Nesse cenário, os sonhos são quase como uma bússola que nos guia.

No final das contas, a filosofia vê o sonho de várias formas: como uma pista para entender a realidade, como uma forma de autoconhecimento ou até como algo que nos ajuda a construir o nosso futuro. Seja como for, os sonhos tanto os que temos dormindo quanto os que alimentamos acordados têm um papel crucial em como a gente pensa, vive e dá sentido à nossa existência.

Então, da próxima vez que sonhar, seja algo louco ou inspirador, talvez seja interessante parar um minuto e se perguntar: “O que será que meu sonho tem a dizer sobre mim ou sobre o mundo?”. Afinal, como muitos filósofos mostraram, os sonhos são uma porta para questões que vão além da nossa imaginação.

Leitor, e para você, qual sua definição de sonho?

Obs. O objetivo nunca é definir uma ideia ou conceito, mas explorar possibilidades. Nada mais!


Caverna é professor de Filosofia, criador de conteúdo digital e coordenador do projeto “Café Filosófico” em Foz do Iguaçu.


Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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