Por Professor Caverna | OPINIÃO
Quando pensamos sobre a alma humana, muitas vezes a vemos como algo abstrato e difícil de entender, não é? Afinal, a alma é aquela parte de nós que não podemos ver nem tocar, mas que, segundo muitas religiões e filosofias, é a essência do nosso ser. Para o filósofo árabe Avicena, a alma era um tema fundamental, e ele dedicou muito de seu tempo tentando entender como ela funciona, como se conecta ao nosso corpo e até mesmo o que acontece com ela depois que deixamos este mundo.
Avicena, ao falar sobre a alma humana, vê como algo distinto do corpo. A alma não é apenas um produto do cérebro ou de qualquer outro órgão físico; ela é imortal e racional, algo que vai além da nossa matéria. O corpo humano é como uma “casca” da alma, algo que abriga a nossa essência, mas não define o que realmente somos. Para o filósofo grego Aristóteles, a alma é o que dá vida ao corpo, mas ela também possui diferentes partes e funções. Avicena foi além, dizendo que a alma humana possui uma dimensão racional e espiritual que a torna capaz de conhecer o mundo de maneira profunda e inteligente.
Uma das ideias mais interessantes de Avicena sobre a alma é a forma como ele vê a razão. Para ele, a razão é o que torna o ser humano único. Pode parecer simples, mas a razão é a capacidade que a alma possui de perceber, entender e refletir sobre o mundo ao nosso redor. E isso não é algo simples! Ele acreditava que a razão era uma faculdade essencial da alma, uma das mais elevadas, e é através da nossa capacidade racional que conseguimos conhecer a verdade sobre nós mesmos e sobre o universo.
Imagina, então, que a alma humana possui três partes ou faculdades principais: a vegetativa, que está relacionada com as funções básicas, como a nutrição e o crescimento (funções também presentes nos animais e plantas); a sensitiva, que está ligada aos sentidos e à percepção do mundo ao nosso redor (essa a compartilhamos com os animais); e, finalmente, a racional, que é a mais importante e exclusiva dos humanos. A parte racional da alma é a que nos permite entender conceitos abstratos, como a justiça, a moralidade e, claro, a filosofia.
Agora, uma coisa interessante sobre a visão de Avicena sobre a alma é que ele acreditava que ela não morre com o corpo. Mesmo quando o corpo morre, a alma continua existindo. Para ele, a alma humana é imortal. Ela não é limitada pela matéria, como o corpo é. Quando o corpo se desfaz, a alma permanece, e isso tem implicações bem profundas sobre como vemos a vida e a morte. O pensador estava respondendo questões que todos nós já nos perguntamos em algum momento: “O que acontece conosco depois que morremos?”
A resposta está profundamente ligada à sua visão de que a alma possui uma ligação direta com o divino. Ele acreditava que a alma, sendo racional, está em constante busca por conhecimento, e que o seu objetivo final é a união com Deus, o Ser Supremo. Para ele, Deus era o ponto de origem de tudo no universo, e a alma humana, ao buscar a verdade e o conhecimento, se aproxima dessa fonte divina.
A busca pelo conhecimento era uma das formas mais altas de realização da alma. Ele acreditava que, por meio da razão e do conhecimento filosófico, a alma humana poderia alcançar sua perfeição e compreensão total do mundo. Isso é algo interessante porque, ao contrário de algumas outras filosofias que veem a razão como algo mais “frio” ou “seco”, o pensador via o conhecimento como uma forma de aproximação espiritual de Deus. Ele via a ciência e a filosofia como meios para que a alma alcançasse a verdade e a libertação. Para atingir a verdadeira felicidade e o pleno entendimento, a alma precisaria passar por um processo de purificação. A alma humana, ao se distanciar da ignorância e buscar o conhecimento superior, se eleva. A elevação da alma não é apenas uma questão de aprender fatos sobre o mundo, mas de se aproximar de uma compreensão mais profunda da realidade e da divindade.
Para ele, a alma não é apenas uma parte do corpo ou algo que nasce e morre junto com ele. A alma é imortal, racional e tem um propósito divino. Ela busca o conhecimento e, por meio desse conhecimento, aproxima-se de Deus, a fonte de toda a sabedoria e da verdadeira felicidade. O filósofo acreditava que, enquanto o corpo é mortal e limitado, a alma é eterna e possui uma capacidade única de compreender o universo de forma profunda e espiritual. Ou seja, se você está se perguntando o que faz de você um ser humano único, Avicena diria que é sua alma racional. Essa parte de você que não apenas sente o mundo, mas o entende, o questiona e busca a verdade sobre tudo o que está ao seu redor. Para ele, o conhecimento não é apenas uma forma de entender o mundo, mas de se aproximar da perfeição e da verdade divina. Isso faz da alma humana algo verdadeiramente extraordinário!
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Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!
“Tiraram o primata da selva, mas não a selva do primata” Prof Caverna