Foz do Iguaçu sedia encontro de capoeira aberto ao público neste feriadão

Evento reunirá 600 participantes para celebrar os 20 anos da Capoeira Camboatá. Mestres Nescau e Azulão falam sobre a arte e a luta; assista.

Conforme a Fundação Cultural Palmares, a capoeira foi estruturada no país por negros escravizados durante o colonialismo. Hoje, tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro, essa arte e luta referenda a ancestralidade e contribui para a formação cidadã de crianças, adolescentes e jovens.

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Protagonistas dessa manifestação, os mestres Nescau e Azulão falaram sobre a importância da capoeira durante entrevista no Marco Zero, produção do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9. O programa abordou, ainda, o Momento de Ouro 2023, evento que celebra 20 anos da Capoeira Camboatá, de sexta a domingo (8 a 10), no Sindicato dos Eletricitários, em Foz do Iguaçu.

Assista à entrevista:


“A capoeira é arte e luta, uma arte marcial brasileira, mas também é manifestação cultural praticada em todo o país”, explicou mestre Nescau. “É uma ferramenta fundamental para a educação e a socialização que transcende o treino. Os encontros e rodas de capoeira ajudam a transformar pessoas”, refletiu.

Em sentido similar, o mestre Azulão recorreu ao saber de Vicente Ferreira Pastinha, mestre brasileiro icônico, já falecido: “Capoeira é tudo o que a boca come”, citou. Ele também lembrou o papel da arte e luta na resistência à escravidão, quando precisava ser gingada de modo a enganar os senhores de escravos e seus feitores.

No passado, “capoeira era uma dança escondida na luta, praticada pelos escravos”, rememorou. Então, prossegue, usavam tambores e a ginga diante do feitor, para não ter a roda de capoeira interrompida. “Mas o intuito era acabar com a escravidão, era uma forma de resistência”, enfatizou Azulão, que já foi professor de capoeira nos Estados Unidos e no Chile.

A capoeira possui duas vertentes, a Angola, do mestre Pastinha, e a Regional, do mestre Bimba [Manoel dos Reis Machado]. Como evolução de ambas, pratica-se a Contemporânea, da qual a Escola Camboatá, que foi formada em 2003, é adepta. Não há idade para a prática, mas se recomenda os primeiros contatos com os elementos da capoeira a partir de 4 anos.

Momento de Ouro 2023

Aberto para a comunidade e gratuito, o Momento de Ouro 2023 comemora duas décadas da Camboatá. São esperados cerca de 600 participantes, com mestres e convidados de vários estados brasileiros e de outros países, da América do Sul e da África, e até da Rússia, conforme a organização.

Mestres Nescau e Azulão com a nova geração de “capoeiras” em Foz do Iguaçu – foto: Alexandre Palmar


Um dos momentos mais aguardados será a formatura do fundador da Escola Camboatá, mestre Tucano, com a corda branca, ápice do desenvolvimento da capoeira. O evento ainda terá troca de graduações, jogos, campeonato interno, apresentação da orquestra da Guarda Mirim, maculelê e samba de roda.

Duas décadas

A Escola Camboatá surgiu em 2003 e hoje está presente em várias cidades do Paraná e em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, entre outros. No Oeste, tem núcleos nas cidades de São Miguel do Iguaçu e Medianeira. Em Foz do Iguaçu, realiza aulas gratuitas de copeira em regiões populares.

Em terras africanas, a Camboatá mantém um trabalho em Loanda, em que são atendidos 180 alunos, sob a coordenação do iguaçuense mestre Nescau. Ele esteve em junho no país, em que fez formações e graduações, além dos trabalhos sociais realizados pela escola com a família dos capoeiristas.

Momento de Ouro 2023
Data: 8, 9 e 10 de setembro (sexta-feira, sábado e domingo); abertura, sexta, às 19h, com campeonato
Local: Sindicato dos Eletricitários (Sinefi), na Avenida Tancredo Neves, 5.606, Jardim Itaipu
Entrada: gratuita
Para mais informações sobre o evento ou aulas de capoeira em Foz: instagram.com/mestrenescau

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