Dez entrevistas para mergulhar na história de Foz do Iguaçu

Desbravador que chegou antes da formação oficial da cidade, as memórias de Elfrida Engels Rios, interventor na prefeitura e “São João iguaçuense”.

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Desnovelar o fio da história da cidade e colocar esse enredo à disposição da comunidade equivale a convidá-la para ser parte. Quem sente pertencimento cuida mais, cobra mais, quer dizer, exerce plenamente a cidadania. Elevados à vida social, lembrar ou esquecer deixa de ser elemento meramente voluntário ou individual.

Quem decide o que lembrar? A quem interessa esquecer? Aos 110 anos de formação oficial, Foz do Iguaçu não conta com equipamentos e programas públicos efetivos para que o morador possa olhar pelo retrovisor do tempo, avistar personagens e fatos para poder contextualizá-los no presente. Nem mesmo acervo fotográfico, pesquisado e catalogado tecnicamente, existe.

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Vista parcial de Foz do Iguaçu, possivelmente ano de 1965 – fonte da informação e foto: Biblioteca/IBGE

Elevando essa carência, o museu do Parque Nacional do Iguaçu foi doado/emprestado/cedido a um espaço da capital do estado, lá na virada dos anos 1990 para os 2000. É pauta para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recolocar, com visão contemporânea. Igualmente, a histórica Usina São João, dentro da unidade, segue abandonada.

Iniciativas particulares e abnegadas são a fonte de conhecimento, consulta, pesquisa, reflexão e enriquecimento do repertório sobre a formação e o desenvolvimento de Foz do Iguaçu e seus moradores. O H2FOZ oferece dez entrevistas selecionadas do Nosso Tempo, jornal editado entre 1980 e 1994, que ajudam a conhecer e a entender a dinâmica da cidade e muitos de seus sujeitos da história.


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São personagens que olharam a mesma Foz do Iguaçu em períodos históricos distintos, com visões de mundo igualmente variadas, a partir de suas próprias trajetórias e entendimentos de sociedade. Transportamos você, leitor, para o tempo dos entrevistados.

1. Sady Vidal

De ideias avançadas para o período, foi vereador e presidente da Câmara Municipal (1953 a 1955), atuando na política quando havia o PTB, a UDN e os integralistas. Já nessa época, conta Sady Vidal, existiam os tais “currais eleitorais” em prol do poder político. Na entrevista, descreve a vida na cidade, o comércio, a produção e a integração com os países da fronteira.

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/2/?pagina=6

2. José Werner

Chegou a Foz do Iguaçu em 1909, antes da fundação administrativa do município, sendo, portanto, um dos moradores mais antigos. Nos anos 1930 foi prefeito e, jovem, jogou e ajudou a fundar o time do ABC. José Werner  revela como escapou da explosão do navio em que viajava no Rio Paraná, em que morreram mais de 100 pessoas, nadando em meio ao fogo.

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/21/?pagina=8

3. Estanislau Zambrzycki

Com o comércio pós-guerra enfraquecido em sua cidade, estabeleceu-se aqui, onde abriu a Casa Mineira, que vendia vinagre, sal, açúcar, querosene e verduras até 1967. Figura presente e conhecida nas festas populares, Estanislau Zambrzycki foi batizado de “São João de Foz do Iguaçu” e contribuiu para o jornal O Estado do Paraná.

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/27/?pagina=12

4. Elfrida Engels Rios

Quando foi entrevistada, em 1982, tinha 82 anos. Uma personalidade icônica da cidade, foi atuante na busca de preservar e promover a história de Foz do Iguaçu. Elfrida Engels Rios revela histórias antigas do município, como a chegada dos primeiros aparelhos de rádio e o processo de desenvolvimento. 

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/48/?pagina=24

5. Dom Olívio Aurélio Fazza

O bispo de Foz do Iguaçu analisa os problemas sociais de seu tempo e defende a participação da Igreja em apoio à população vulnerável. O religioso teve uma atuação importante para o encaminhamento de demandas que beiraram o conflito nos anos 1980, como a marcha dos colonos desapropriados pela Itaipu Binacional.  

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/147/?pagina=10

6. Clóvis Cunha Vianna

Desde o passado, a expansão da cidade é motivo de justificativas dos governantes municipais para realizações inconclusas. Longevo no cargo imposto de interventor de Foz do Iguaçu, Clóvis Cunha Vianna disse ter “feito muito”. Sem democracia, a cidade ficou duas décadas sem o direito de eleger prefeito.

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/81/?pagina=2

7. Roberto Lange

Em poucos anos, a forma de ocupação territorial modificou profundamente a paisagem de Foz do Iguaçu, impactando a flora e a fauna. Essa era a preocupação do biológico e ambientalista Roberto Ribas Lange, já nos anos 1980, que reivindicava a institucionalização da questão ambiental, ou seja, pleiteava políticas públicas.

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/219/?pagina=19

8. Juvêncio Mazzarollo

Último preso político do país, o jornalista de Foz do Iguaçu, um dos editores do jornal Nosso Tempo, Juvêncio Mazzarollo foi enquadrado pela aberração da Lei de Segurança Nacional por usar a palavra, por ter opinião. No seu aniversário, em 1983, centenas de pessoas o visitaram na prisão, e ele deixou o recado na entrevista que concedeu: “Quem quiser lamber coturno que o faça, eu não.”

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https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/91

9. Jorge Samways, o neto

A industrialização como desafio de Foz do Iguaçu foi a principal abordagem do empresário e representante de entidades de classe. Ele é neto de Jorge Samways, inglês que veio de Curitiba (PR) para a fronteira, a pedido do primeiro prefeito do município, Jorge Schimmelpfeng, para sucedê-lo.

Clique e leia na íntegra:

https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/268

10. Vereadores em greve de fome

Cinco vereadores fizeram greve de fome, sendo entrevistados durante o protesto que pretendia sensibilizar os governos estadual e federal a favor de Foz do Iguaçu. O pleito central, eleição direta e substituição imediata do interventor Clóvis Cunha Vianna, entronado no cargo de prefeito pelo regime militar.

Clique e leia na íntegra:

https://www.nossotempodigital.com.br/edicao/104

História de Foz do Iguaçu a um clique

As entrevistas selecionadas estão todas disponíveis no portal Nosso Tempo Digital, que reúne o acervo do jornal, projeto lançado para marcar o aniversário de 30 anos do periódico. O objetivo é preservar a memória da cidade, facilitar o acesso à história local e regional, e democratizar a consulta à coleção midiática por meio da internet.

O acesso é gratuito. O acervo constitui fonte valiosa para o morador desejoso de vasculhar a história da cidade e de seus atores, contada nas 387 edições do jornal que foram digitalizadas, abrangendo de dezembro de 1980 a dezembro de 1989.

Nosso Tempo Digital

Acervo gratuito das edições digitalizadas do jornal. https://www.nossotempodigital.com.br/

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