Professores dos cinco campi da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) iniciaram greve, por tempo indeterminado, nesta segunda-feira, 15. A paralisação foi aprovada durante assembleia docente realizada na semana passada.
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Em Foz do Iguaçu, a agenda deste primeiro dia de mobilização inclui conversa com a comunidade universitária e reunião do comando de greve para planejamento de atividades. Conforme os sindicatos que representam os professores, a adesão foi de até 80% nos campus.
Presidente da Adunioeste, sindicato docente da instituição, a professora Sabrina Grassiolli informou que a categoria decidiu pela greve devido à falta de diálogo por parte do governo do Paraná, que não abriria negociações. Entre as principais pautas estão reposição e valorização.
“Essa decisão [de greve] vem após mais de sete anos sem reposição integral das perdas salariais e por uma valorização da carreira docente do ensino superior do Paraná”, explicou. “A decisão da greve é para que nossas demandas sejam ouvidas.”
De acordo com a dirigente sindical, maio é mês de data-base, período em que deve ser feita a correção salarial. “E mais uma vez a data-base no Paraná não foi cumprida”, pontuou Sabrina. Em sete anos, conforme o sindicato, a defasagem salarial supera 42% em razão da ausência de reposição integral; o governo anunciou reajuste geral de 5,79% para o funcionalismo.
A greve, segundo o sindicato, só será encerrada quando o governo estabelecer uma mesa de negociação e cronograma para o atendimento da pauta. Além da Unioeste, outras cinco instituições estaduais de ensino superior aprovaram paralisação.
A última greve dos professores da Unioeste ocorreu em 2019. A paralisação, que impacta atividades de ensino, pesquisa e extensão, deve-se à falta de diálogo por parte do governo do Paraná. “A greve não é uma escolha agradável para os docentes”, frisou.
“Existe uma insatisfação da categoria que vem de muitos anos”, ponderou. “Isso, aliado à sobrecarga de trabalho e à falta de diálogo do governo, levaram a esse momento crítico de deflagração da greve”, revelou Sabrina Grassiolli.
Carreira docente
A professora mencionou que a melhoria das condições da carreira docente é uma pauta histórica da categoria, que dialoga com o surgimento da Adunioeste. O tema ganhou força porque a gestão estadual está reformulando a carreira, abrindo a possibilidade da discussão.
A categoria cobra aumento de 20% do adicional de titulação em todos os níveis da docência, sendo:
- 100% para doutores;
- 75% para mestres; e
- 45% para especialistas.
“Essa proposta ainda prevê auxílio-alimentação de R$ 600 e aumento no vencimento básico, considerando o piso do magistério”, expôs a presidente da entidade. Esse plano de avanços foi elaborado em conjunto com reitorias e a Superintendência-Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), mas está parada na Secretaria de Estado da Fazenda.
“Não temos informações concretas de quais serão os próximos passos e o tempo para aprovação e implementação dessas melhorias na carreira”, contextualizou Sabrina Grassiolli. Com a demora na efetivação das medidas, piora a defasagem salarial e a desvalorização da carreira, avaliou.
Outro lado
A Seti se posicionou para a imprensa afirmando que não se nega ao diálogo com a categoria docente e suas representações. Disse que a greve, neste momento, é improdutiva e afeta as atividades nas universidades públicas do Paraná.
Já a reitoria da Unioeste destacou que as atividades administrativas seguem normalmente em todas as unidades. Ressaltou respeitar os docentes e “ratifica a importância de uma conversa resolutiva entre todas as esferas para que as aulas sejam normalizadas”, escreveu.
Unioeste
A multicampi Unioeste possui 1.292 docentes, conforme dados da reitoria, os quais trabalham em cinco campi e no hospital universitário. Entre eles, há cinco graduados, 81 especialistas, 255 mestres, 884 doutores e 67 pós-doutores.
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