Professor Caverna: educador em Foz desperta o pensar nos jovens a partir da história, filosofia e humanidades

Ele recorre ao lúdico e ao humor para tratar de grandes temas para o ser humano; neste sábado, lança o Café Filosófico, a fim de “trocar ideias novas”.

Ele recorre ao lúdico e ao humor para tratar de grandes temas para o ser humano; neste sábado, lança o Café Filosófico, a fim de “trocar ideias novas”.

Provavelmente mais citada que lida, a metáfora do “Mito da Caverna”, criada por um filósofo grego, lança o problema da condição de ignorância dos seres humanos que, aprisionados, não conseguem chegar à verdade. Passado muito tempo, o homem contemporâneo não se libertou dessa cavidade profunda que muitas vezes o impede de ver a amplitude do mundo.

Para disseminar a reflexão e despertar o pensar nos jovens a partir da história, da filosofia e das humanidades, o Professor Caverna adotou uma estética própria, valorizando o lúdico e o humor, tornando mais leve o perguntar, ensinar, aprender e trocar. O educador iguaçuense foi entrevistado no programa Marco Zero, parceria do H2FOZ e da Rádio Clube FM.

O professor produz e publica conteúdos em suas redes sociais sobre questões que são humanas, como “pensamentos, ideias, tristezas, reflexões, dilemas e oxigênio”. Sim, tal como oxigênio, os seres vivos precisam e devem pensar. São vídeos, peças gráficas e também desenvolve um site de ensino, obviamente ensino não convencional. Neste sábado, 2, lança a primeira edição do Café Filosófico, que será presencial.

Assista à entrevista:

Dar aula sempre foi o seu sonho, contou, pensando na docência não somente como profissão, mas como forma de ajudar a melhorar o mundo e, por que não, até “transformá-lo”. Nas classes, ficou incomodado pela rotina e decidiu inovar. “Sempre sonhei em ser professor. Vou mudar o mundo!, pensava.”

“Após um tempo na sala de aula, percebi o dia a dia, que existe um cansaço pela rotina, o que me incomoda muito”, declarou. Foi então que decidiu montar figurinos, com fantasias temáticas aos temas abordados com os alunos. “É muito interessante chegar na sala de aula fantasiado, que é a parte lúdica, os olhos dos alunos brilham”, relatou.

O nome Professor Caverna veio a partir da reação dos filhos. “Eles brincavam de costas para mim, enquanto eu falava alguns nomes. Quando falei ‘Professor Caverna’, eles olharam imediatamente para mim e riram. Pensei: esse é o nome”, resgatou o educador de Foz do Iguaçu.

Formado em Filosofia, o docente evita rótulo ou hierarquia. “De filósofo, não temos nada, somos humanos tentando sobreviver. Prezo pela reflexão, seja ela mental, racional ou empírica. O importante é que seja possível o ser humano pensar”, defendeu o Professor Caverna, na entrevista ao Marco Zero.

Para ele, o pensar está diretamente relacionado com a vida real, e exemplifica: “Muitas pessoas levam a teoria do Big Bang como religião, outras pegam determinada religião e a tratam como verdade absoluta. Isso me preocupa muito. Há pessoas passando fome na rua, me chamam mais a atenção as questões que são humanas”, relatou.

A caverna ainda não saiu do homem

Na entrevista, o Professor Caverna problematizou a temática da evolução humana. Para ele, as pessoas seguem isoladas, como no mito grego da caverna, e as redes sociais substituem o comportamento tribal dos humanos em períodos anteriores. Conforme o educador, o homem mantém-se em suas cavernas.

“Essa é uma questão atual, contemporânea. A caverna do homem hoje tem ar-condicionado, mas as pessoas estão presas literalmente e isoladas do mundo”, refletiu. “As redes sociais estão fortalecendo o comportamento tribal de antigamente. As bolhas de hoje são as tribos de ontem”, ponderou.

Café, filosofia e jornal

Na primeira edição do Café Filosófico do Professor Caverna, participarão cerca de 50 pessoas para tomar café, lanchar e difundir ideias. Para o encontro inicial, a quantidade de público está esgotada. “Essa proposta vem da necessidade de levar conteúdo mais autêntico e sincero para as pessoas, aquela projeção de quando eu tinha 18 anos, que é a da mudança”, informou.

“As pessoas querem algo novo, trocar ideias novas e pensar em um ambiente nada professoral”, continuou o professor. “Espero muito que elas saiam do Café Filosófico impactadas, se perguntando, com outro comportamento”, revelou.

O projeto futuro é um jornal que deverá ser chamado Ano 3.000, como sempre, questionador, indutor do pensar. “Fiz uma capa, coloquei a foto de uma bola de futebol e escrevi que cientistas descobrem que no ano de 2021 humanos corriam atrás de uma bola. Acho engraçado isso”, diverte-se o Professor Caverna.

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