Técnicos-administrativos da Unila e de outras instituições federais entram em greve

Categoria tem uma série de reivindicações, como recomposição salarial e mais participação nos processos de tomada de decisão.

Matéria atualizada às 14h

Os técnicos-administrativos em educação (TAEs) de instituições federais de ensino em todo o país deflagraram greve, na última segunda-feira (11), por tempo indeterminado. Em Foz do Iguaçu, o movimento abrange os funcionários da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Até o momento, os professores não aderiram à paralisação e, por ora, as aulas não estão sendo afetadas.

No estado, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Complexo Hospital das Clínicas (CHC) também fazem parte do movimento, que tem como principais reivindicações coletivas a busca de recomposição salarial e a reestruturação do plano de cargos da categoria. Servidores do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – que conta com um campus em Foz do Iguaçu – estão em processo de votação e também podem aderir ao movimento em breve.


Conforme Fernanda Pereira, TAE na Unila e coordenadora de Saúde do Trabalhador da Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná (Sinditest PR), a pauta local engloba outros temas, tais como as discussões sobre a paridade nas instituições e o combate ao assédio moral.

Ela explica que um artigo da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) impede a classe de ter plenos direitos nas universidades brasileiras. “Os técnicos em educação e os alunos têm apenas 30% de participação nos espaços de poder e decisão, como conselhos, comissões e grupos de trabalho. Uma categoria detém o poder de deliberação e decisão dentro das universidades, enquanto alunos e técnicos apenas assistem a essas decisões acontecerem.”

A categoria também reivindica mais transparência e diálogo nas discussões sobre a reforma administrativa da instituição. “Justamente por causa da nossa representação minoritária nestes espaços de deliberação, as mudanças estão sendo ‘tratoradas’ em cima dos técnicos. São mudanças que deveriam ser dialogadas com a comunidade universitária, porque vão afetar nosso trabalho e, consequentemente, a prestação de serviço à comunidade”, ressalta.

A pauta ainda contempla a participação da Unila no Programa de Gestão e Desempenho do governo federal, que, segundo a servidora, foi implementado de maneira abrupta pela gestão anterior. “A nova gestão enfrenta o desafio de melhorar o programa na universidade e resolver os problemas provocados pela implantação relâmpago que tivemos. Essas decisões estão sendo tomadas de cima para baixo, com pouca transparência”, reclama.

Quanto ao funcionamento da instituição, a categoria está organizando-se para definir algumas atividades essenciais para o período da greve. “Não queremos prejudicar os alunos, porque, assim como nós, são uma categoria com baixa representatividade na universidade. O pagamento de bolsas, por exemplo, vai funcionar normalmente, porque o aluno precisa ter a subsistência garantida.” Todos os demais serviços administrativos devem ser afetados, como os processos de realização de matrícula e o funcionamento da biblioteca.

Repercussão

Até o fechamento desta reportagem (quarta-feira, 13), a Unila ainda não havia se pronunciado sobre a deflagração da greve. Já a Universidade Federal do Paraná (UFPR), publicou, no dia 8 de março, uma nota na qual manifesta solidariedade à pauta nacional defendida pelos servidores.

Em trecho, a instituição compartilha que “se une ao coro de vozes que clamam pela valorização na carreira dos servidores técnicos, em consonância com a deliberação nacional aprovada em plenária da FASUBRA. Destacamos ainda a importância da recomposição salarial e da restruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE)”.

Confira a nota na íntegra: https://ufpr.br/ufpr-apoia-a-pauta-nacional-dos-servidores-tecnicos-das-universidades-federais/.

Após a publicação da reportagem, a Secretaria de Comunicação da Unila entrou em contato com o H2FOZ para esclarecer que, devido à greve, o atendimento à imprensa não foi realizado em tempo hábil. No entanto, a instituição reforçou seu apoio à categoria em nota divulgada em 21 de fevereiro. Confira na íntegra:

“Estamos em um momento muito importante para os servidores e as servidoras técnico-administrativos(as), que é a reestruturação da carreira TAE. Em uma instituição como a UNILA, que apresenta grandes desafios voltados à integração regional, a defesa de melhores condições de trabalho e da valorização do nosso corpo técnico é fundamental para a construção da Universidade que almejamos, qualificada, inclusiva, solidária e comprometida com o território onde vivemos e com a nossa missão.

Por isso, a UNILA pede o apoio de toda a comunidade acadêmica, dos reitores e reitoras das demais universidades públicas e de toda a sociedade para que se juntem a nós na defesa de salários mais justos e planos de carreira que estimulem e valorizem o processo de formação e de desenvolvimento dos(as) nossos(as) TAEs em todas as áreas do conhecimento, de forma a integrar profissionais altamente qualificados(as) na administração pública e no ensino, pesquisa e extensão.

Reforçamos, também, a necessidade da realização de concursos para ampliar o quadro de servidores e o descongelamento das carreiras bloqueadas pelo Decreto nº 10.185/2019. Portanto, a UNILA ecoa a reivindicação da categoria pelo aprimoramento do PCCTAE e por um reajuste salarial justo para 2024. A reestruturação e a valorização da carreira técnico-administrativa por parte do Governo Federal são ações necessárias e urgentes para a defesa da universidade pública.”

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3 Comentários
  1. Neto Diz

    É MUITO SATISFATÓRIO SABER QUE O AMOR VENCEU E QUE O PAINHO LULA ESTÁ DANDO AOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO A TÃO SONHADA VALORIZAÇÃO E RESPEITO. ESSA GREVE NA VERDADE É APENAS UM GESTO DE GRATIDÃO AO PAI DA PÁTRIA EDUCADORA. FAZ O L!!!

  2. Will Diz

    A greve só não foi feita na gestão anterior porque o bozo afirmou que haveria cortes de salário, ou seja, tirou o direito de greve na prática. O atual governo deu condições para que a greve fosse realizada.

  3. Andréa Diz

    Meu filho estuda no IFPR campus de foz do iguaçu. Com muita tristeza, Recebemos hoje (22 de março) a notícia de que os professores com seus ótimos salários de servidores federais, (dêem só uma pesquisada no Portal da transparência para confirmarem o que estou dizendo) decretaram adesão à greve a partir do dia 25 de março. Dizem na mensagem que a gestão buscará, após a greve, formas justas de reposição do trabalho. Justa pra quem, eu pergunto? Certamente não será justa para os pobres dos alunos, os bodes expiatórios desse embate entre governo e os professores federais, cujas rotinas de estudo serão interrompidas e, provavelmente, os finais de semana e os períodos de férias sacrificados para reposição das aulas. Isso se conseguirem dar todo conteúdo perdido ainda neste ano letivo… Em nosso jovens ninguém pensa!

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