Atualização às 15h40 para inserir nota enviada pela reitoria.
Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) realizam paralisação, desde a manhã desta quarta-feira, 11, no campus Jardim Universitário (JU). Os acadêmicos cobram a contratação de professores para diversos cursos, a fim de suprir o déficit de 200 docentes, afirmam.
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O número insuficiente de profissionais causa prejuízos à formação e aos projetos de pesquisa e extensão, sustentam os alunos. É um fator que leva à desistência, engrossando o percentual de evasão, além de sobrecarregar os professores que hoje estão em sala de aula, completam.
Na semana passada, foram realizadas assembleias estudantis nos três campi da instituição – JU, PTI e Integração, que é o campus da Avenida Tancredo Neves –, definindo pela deflagração de greve por tempo indeterminado. Essa posição será avaliada em nova plenária geral logo mais, a partir das 19h.
O movimento decorre de autogestão e organização dos discentes. A cobrança por professores e investimentos na Unila é endereçada ao Ministério da Educação (MEC). Os alunos relatam terem apresentado as demandas à reitoria, que se mostrou aberta ao diálogo e solidária às pautas estudantis.
Os universitários estão usando o canal da Ouvidoria para fazer chegar a reivindicação ao MEC e cobram que a reitoria também leve a pauta à instância federal, que por meio da instituição é a via mais direta. Uma comissão deverá ser eleita na assembleia desta noite para a mediação com a reitora Diana Araujo Pereira.
Greve há um mês
A paralisação em prol de contratação de professores na Unila teve à frente o curso de Serviço Social, que está em greve desde 18 de setembro, há quase um mês. O Centro Acadêmico que representa os estudantes da graduação contabiliza apenas seis professores para mais de 300 discentes, inviabilizando o ensino e a conclusão da formação.
“Podemos dizer que já estamos em estado de greve, sendo que vamos definir a continuação da paralisação ou adotar outro cronograma”, relatou ao H2FOZ Ricardo Augusto, acadêmico de Antropologia. Ele explicou que a universidade vem sofrendo, nos últimos anos, com cortes orçamentários.
“Isso reflete, além do ensino e das demais áreas acadêmicas, na redução de linhas do transporte universitário e nos serviços de limpeza a segurança”, realçou. Já a falta de professores impacta a maioria dos cursos, sendo que nas licenciaturas há falta de profissionais com formação na área de educação.
Falta de professores na Unila
Segundo o estudante, apenas os cursos de Medicina e Saúde Coletiva não aderiram à paralisação, embora haja estudantes dessa segunda graduação apoiando. Ele reforçou que a mobilização estudantil conta com a solidariedade dos trabalhadores terceirizados, que têm acesso ao ambiente profissional normalmente.
À reportagem, Ricardo Augusto enfatizou que a falta de professores, motivo da reivindicação discente, afeta não apenas os alunos que vêm de outras cidades para estudar na Unila. “O morador de Foz do Iguaçu que está na Unila também é penalizado e a cidade também perde, porque compromete inúmeros projetos de pesquisa e extensão voltados para a comunidade”, concluiu.
Ele ainda questionou o que chamou de “jogo político” envolvendo a Unila. “Um veio aqui e criticou (Jair Bolsonaro, nas eleições). O outro (Lula, já como presidente), disse que iria resolver. Mas nenhum dos dois viu a real necessidade da universidade”, declarou Ricardo.
O que diz a reitoria
A reitoria da Unila enviou nota ao H2FOZ na qual afirma que, em relação à pauta dos estudantes, “se coloca à disposição para o diálogo e a busca de estratégias conjuntas, primando pela democracia nas relações entre servidores/as e estudantes”. O texto não expôs quais serão as formas para a busca das soluções.
A nota citou que a direção da universidade reconhece a importância do movimento estudantil, em sua atuação ao longo dos anos, para a democracia e a defesa da universidade pública, gratuita e com referência social. Afirmou compreender que as mobilizações de estudantes são parte da formação acadêmica e cidadã, “além de fazer parte do contexto nacional de luta por mais vagas docentes e melhores condições de permanência”, lê-se no documento.
Carta dos estudantes
Os universitários fizeram circular uma carta em que são expostas as reivindicações. O texto na íntegra é o seguinte:
PARAR A UNILA EM DEFESA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DE QUALIDADE!
A mobilização dos estudantes de Serviço Social escancarou a antiga crise que atinge a UNILA: a grave falta de docentes. Atividades de ensino, pesquisa e extensão são prejudicadas em diversos cursos, pois faltam cerca de 200 professores para a real implementação dos projetos pedagógicos.
Sem condições básicas para a permanência estudantil, há um alto índice de evasão e absenteísmo pela falta de alimentação através de um Restaurante Universitário que garanta nossa segurança alimentar, afetando de forma ainda mais dura os estudantes mais pobres.
Casos de assédio e episódios de opressão são rotinas dentro dos campi, não podemos mais aturar isso. Essa realidade é fruto de anos de precarização da universidade pública, para além da UNILA, enquanto a educação fica nas mãos do responsável pela falência das Lojas Americanas, o bilionário Jorge Lemann.
Mudanças profundas vem através da luta unificada, por isso defendemos a paralisação da UNILA, com atividades promovidas pelos estudantes e decisões tomadas em conjunto através da Assembleia.
Chamamos você a somar nessa luta , seja discente, docentes, técnicos administrativos, terceirizados e cidadãos afetados pela UNILA.
Não paga nem o aluguel, quem dirá contratar professor. Pra piorar existem professores negacionistas que tem a cara de pau de negar a filosofia grega no curso de filosofia, falam mau de europeus mas não tiram Marx da boca. Não tem como esperar muita coerência desse tipo de gente.
Cadê o amor?