
Nascida no Paraguai, uma estudante da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) está traduzindo clássicos da literatura para o guarani.
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Acadêmica do curso de Antropologia, Emilia Elizabet Espínola Duarte recebeu, de uma instituição da Suíça, uma bolsa especial. O incentivo, que inclui um estágio na Translation House Looren, em Hinwil, no país europeu, prevê a tradução de duas obras.

De acordo com a assessoria da Unila, Emilia Espínola escolheu os clássicos Quarto de Despejo, da brasileira Carolina Maria de Jesus, e Heidi, de Johanna Spiry. No currículo, Espínola tem a tradução de Contos da Selva, de Horacio Quiroga.
Conforme a tradutora, a proposta de traduzir Quarto de Despejo surgiu em julho do ano passado, durante o curso de Português para Estrangeiros.
“Fiquei empolgada com a possibilidade de ler essa obra em guarani e levar essa literatura brasileira tão importante aos povos guarani falantes da região”, descreveu a estudante, citada pela assessoria da Unila.
No entender de Espínola, a obra de Carolina Maria de Jesus permite que os leitores reflitam sobre questões sociais como pobreza e racismo.
Além disso, a versão em guarani, que será lançada pela editora da Unila, “contribui para a visibilidade de autores marginalizados e enriquece o intercâmbio cultural, tornando a literatura mundial mais plural e representativa”.
Visibilidade da cultura guarani
Para Emilia Espínola, a bandeira da visibilidade indígena tem caráter não apenas profissional, mas pessoal.
“Como militante da língua e da cultura guarani, considero essa [a bolsa na Suíça] uma conquista coletiva”, afirma. “As vozes dos falantes de guarani serão ouvidas para além de seus territórios.”
Antes de cursar Antropologia na Unila, Espínola estudou Tradução e Interpretação no Instituto Técnico Superior de Estudos Culturais e Linguísticos Yvy Maraey, do Paraguai.
(Com informações da Unila)