Sem segurança para a reabertura das escolas estaduais, por causa da pandemia de covid-19, professores manterão o ensino on-line.
Educadores vão iniciar greve nesta segunda-feira, 10, em escolas da rede estadual nas quais está prevista a retomada das aulas presenciais. Professores manterão o ensino on-line. Agentes educacionais e pedagogos também desempenharão o trabalho de forma remota.
A greve foi aprovada em assembleia da categoria no mês de fevereiro, para ser deflagrada caso o Governo do Paraná decidisse reabrir escolas para o ensino sem garantir a segurança à saúde da comunidade escolar. Essa medida foi anunciada pela gestão estadual nesta semana.
O governo não apresentou dados técnicos para justificar o retorno ao ambiente escolar. Estudo sobre a evolução da pandemia de covid-19 no Paraná, elaborado pelo cientista Lucas Ferrante, afirma que não há protocolos seguros para a volta às aulas neste momento, o que colocará em risco professores, funcionários, estudantes e suas famílias.
Para ele, a reabertura das escolas para o ensino irá acelerar a pandemia, com aumento do número de mortes, novos casos da doença e internação hospitalar. A volta às aulas só é minimamente aceitável com 70% da população imunizada, aponta. O governo conseguiu vacinar somente cerca de 9% dos paranaenses com a segunda dose do imunizante contra a covid-19.
“Estamos diante de uma tragédia anunciada, que tem responsáveis muito bem definidos”, enfatiza o presidente da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez. “Buscamos diálogo, mas não fomos ouvidos. A toque de caixa, veio essa atitude autoritária da volta às aulas sem a pandemia estar controlada. Só nos restou a greve”, frisa.
Segundo o dirigente sindical, o governo estadual determinou, em conjunto com a chefia do Núcleo Regional de Educação (NRE), o retorno presencial das atividades em mais de 20 colégios da região, nove deles em Foz do Iguaçu. “Isso tudo sem nenhuma transparência”, expõe Diego.
Valdez ressalta que a falta de lisura nesse procedimento, que envolve a saúde e vidas, tem um objetivo. “O governo faz tudo escondido para que pais e mães fiquem com toda a responsabilidade pela segurança de seus filhos. O mesmo ocorre com os diretores de escolas. Há uma transferência do risco para as famílias e direções escolares”, sublinha.
Sem segurança
A APP-Sindicato/Foz sustenta que não existem indicadores que apontem para o arrefecimento da pandemia. As cidades da região de abrangência do NRE de Foz do Iguaçu (9ª Regional de Saúde) têm o maior coeficiente de mortalidade em todo o Paraná, com 256 óbitos pela covid-19 a cada cem mil habitantes, de acordo com o boletim epidemiológico estadual desse sábado, 8.
O Hospital Municipal Padre Germano Lauck está lotado, com 100% de ocupação registrada no sábado. A unidade de saúde faz o atendimento a pacientes graves de covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), das nove cidades da região, de Foz do Iguaçu a Ramilândia.
Para agravar o quadro, após um ano de pandemia, o governador Ratinho Junior não resolveu sérios problemas. Entre eles estão a carência de servidores nos colégios estaduais e falta de infraestrutura adequada para o retorno às aulas durante o atual período de emergência em saúde.
Volta gradual
Segundo o Governo do Paraná, a volta das aulas presenciais na rede estadual é gradativa, em cerca de 200 escolas, no formato híbrido. O ocorre em “um momento de queda na taxa de transmissão e nos indicadores de contágio” do novo coronavírus e com início de vacinação de profissionais da educação.
Os estabelecimentos de ensino deverão seguir protocolos que vão do uso de máscara ao distanciamento. O governo instituiu três critérios para definir quais colégios devem voltar às atividades presenciais:
– os que ficam em cidade onde houve retorno da rede municipal de ensino e do transporte escolar;
– instituições onde há alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso a equipamentos digitais para atividades remotas; e
– colégios com maior número de professores fora do grupo de risco.
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